A indústria de alimentos e bebidas é um dos setores que mais cresce no mundo inteiro. No Brasil, de acordo com levantamento da ABIA – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos -, o segmento de alimentos e bebidas cresceu 6,7% em 2019, comparado ao ano de 2018. Em termos de faturamento, 2019 atingiu R﹩ 699,9 bilhões, tendo registrado no ano anterior a marca de R﹩ 656 bilhões, sendo R﹩ 528,3 bilhões em alimentos e R﹩ 127,7 bilhões em bebidas. O relatório ainda revela que a área, atualmente, é responsável por 9,6% do PIB brasileiro.
Com tamanha expressão, trata-se de um setor importante e que requer práticas adequadas de produção e manutenção, mas que no Brasil ainda engatinha na implantação de medidas e análises corretas das manutenções preventivas e preditivas. Devido à alta capacidade criativa e o famoso “jeitinho brasileiro”, muitas manutenções corretivas têm sido precárias e as manutenções preventivas ou preditivas acabam esbarrando na conhecida questão de “não mexer em time que está ganhando”.
É por esse motivo que cada vez mais a indústria de alimentos e bebidas precisa investir em novas tecnologias e melhores métodos de manutenção dos equipamentos e maquinários a fim de economizar tempo, gerenciar os processos com maior assertividade e aumentar a produtividade. Os fabricantes de alimentos e bebidas trabalham, simbolicamente, dentro de uma panela de pressão. Manter o controle dos custos de produção e gastos com energia pode ser um desafio diário. Portanto, requisitos regulamentares, questões de segurança e a necessidade de manter o tempo de atividade adicionam um novo nível de complexidade. A solução é investir em recursos para minimizar o desperdício, otimizar equipamentos, evitar paralisações/tempo de inatividade e reduzir o consumo de energia.
O impacto do COVID-19
O Brasil é um país de commodities e dentro dele um dos principais segmentos é o de alimentos e bebidas. Além disso, nosso país é o segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo, sendo a China seu principal importador. Mesmo com a irrupção da pandemia de COVID-19, a indústria de alimentos e bebidas não parou. Como um serviço essencial, o segmento precisou adaptar-se a regras ainda mais severas para manter a produção sem comprometer a saúde dos profissionais.
Enquanto muitos setores estão paralisados, a indústria alimentícia precisa continuar operando, com as devidas restrições e manutenções constantes para evitar o contágio entre os próprios funcionários, a fim de abastecer a sociedade, mantendo os níveis de produtividade, eficiência de suas linhas de produção e com níveis de segurança em um rigor ainda maior com relação aos aspectos de higiene em seus processos. A indústria neste momento precisa também estar preparada para atender aumentos sazonais de demanda, devido ao maior consumo de alimentos das pessoas em casa durante a quarentena e também pelo fato das compras terem se tornado mais concentradas, como medida de evitar visitas mais constantes ao supermercado e assim preservar-se do contato com outras pessoas.
Mais segurança e investimento em manutenção
Como resultado desse novo cenário, o impacto pode ser visto em uma nova pesquisa divulgada pela ABIA no início de agosto revelando que a indústria brasileira de alimentos e bebidas teve um crescimento de 0,8% em faturamento e 2,7% em termos de produção física no primeiro semestre de 2020 comparado ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento deve-se, além da expansão das exportações, especialmente ao aumento do consumo interno, levando em conta o número de pessoas que passaram a ficar um período maior dentro de casa.
Além do crescimento em faturamento e produção, o setor registrou um aumento de 0,6% nas contratações diretas e formais, ou seja, uma geração de 10,3 mil vagas de emprego, de acordo com a pesquisa. O motivo principal para o aumento na contratação de novos empregados é o crescimento de produção e o afastamento de funcionários considerados pertencentes ao grupo de risco para a COVID-19. Porém, ainda se percebe hoje uma lacuna entre os profissionais que chegam ao mercado de trabalho com as necessidades atuais da indústria com relação às competências exigidas e, muitas vezes o conhecimento passado de um profissional sênior para um recém-contratado é insuficiente.