Estima-se que em 2050, a população mundial estará próxima de 10 bilhões.
Para dar de comer a esse número de pessoas, será necessário expandir a produção de alimentos, o que é possível, mas com graves impactos ao meio ambiente em termos de poluição, mudanças climáticas, disponibilidade de água e biodiversidade.
Com o objetivo de buscar soluções para esse problema, um grupo de pesquisadores desenvolveu estudos cujos resultados acabam de ser tornados públicos pela revista Nature, no artigo The future of food from the sea.
Esses estudos mostram que a produção de alimentos vindos do mar poderia crescer entre 36% e 74%, ou de 21 a 44 milhões de toneladas anuais até 2050, sem causar danos ao meio ambiente, desde quer adotadas práticas sustentáveis na pesca e na aquicultura, a criação de animais marinhos.
Isso faria com que o mar passasse a fornecer 25% da proteína animal consumida no mundo, ao invés dos 17% atuais. Além disso, alimentos de origem marinha contém micronutrientes que não são comumente encontrados em alimentos produzidos em terra firme.
Quase todo esse aumento poderia vir da aquicultura, com a pesca convencional não devendo registrar aumento considerável; é um movimento similar ao que aconteceu com a proteína animal proveniente de terra firme: muito pouco vem da caça, quase toda de criações.
No que se refere à pesca convencional, seria necessário passar a buscar espécies atualmente pouco valorizadas – outras, como salmão, atum, bacalhau, lagostas e outras já vem sendo exploradas de forma irracional e correm perigo de extinção a médio prazo.
É claro que algumas medidas devem ser tomadas para que esse cenário se concretize, dentre elas o estabelecimento de sólida regulamentação supranacional e mecanismos que evitem transgressões. Recursos tecnológicos devem ser desenvolvidos e aportados e a pesquisa na área, estimulada.
De qualquer forma, é uma boa notícia para o nosso sofrido planeta.
Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo e professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.