Acredita-se comumente que pacientes com doença renal crônica devem limitar sua ingestão de proteínas, uma vez que o excesso de proteína piora a função renal. No entanto, um novo estudo indica que as alterações na massa muscular esquelética estão positivamente correlacionadas com a ingestão de proteínas, sugerindo a necessidade de ingestão adequada de proteínas para melhorar a massa muscular após o transplante renal.
“Sabemos que os pacientes com doença renal crônica têm sarcopenia induzida devido à inflamação crônica, hipercatabolismo, diminuição da ingestão de nutrientes e diminuição da atividade física associada à função renal prejudicada. A recuperação da função renal devido ao sucesso do transplante renal é capaz de corrigir ou melhorar muitas dessas anormalidades fisiológicas e metabólicas. Como resultado, os receptores de transplante renal aumentam a massa muscular esquelética após o transplante renal. Uma vez que a ingestão excessiva de proteínas piora a função renal, acredita-se comumente que pacientes com doença renal crônica, incluindo receptores de transplante renal, devem limitar a ingestão de proteínas para proteger seus rins. Por outro lado, tem sido sugerido que a restrição proteica severa pode piorar a sarcopenia e afetar adversamente o prognóstico“, argumenta a Dra. Caroline Reigada, médica nefrologista, especialista em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. As descobertas foram publicadas no periódico Clinical Nutrition.
Como a nutrição e a terapia de exercícios são recomendadas para melhorar a sarcopenia, suspeita-se que a ingestão de proteínas esteja relacionada à recuperação da massa muscular esquelética após o transplante renal. No entanto, poucos estudos examinaram a relação entre a massa muscular esquelética e a ingestão de proteínas em receptores de transplante renal. Respondendo a essa lacuna, o grupo de pesquisa da Escola de Medicina da Universidade Metropolitana de Osaka investigou a relação entre as mudanças na massa muscular esquelética – medida por análise de bioimpedância elétrica – e ingestão de proteínas, que foi estimada a partir da urina coletada de 64 receptores de transplante renal 12 meses após o transplante renal.
“Os resultados mostraram que as mudanças na massa muscular esquelética durante este período foram positivamente correlacionadas com a ingestão de proteínas, e que a ingestão insuficiente de proteínas resultou em diminuição da massa muscular”, afirma a médica nefrologista.
Por isso, para melhorar a expectativa de vida dos receptores de transplante renal, mais pesquisas são necessárias para esclarecer a ingestão ideal de proteínas para prevenir a deterioração da função renal ou a sarcopenia. “Esperamos que a orientação nutricional, incluindo a ingestão de proteínas, levará a uma melhor expectativa de vida e prognóstico. O mais importante é seguir a orientação do médico e não restringir completamente o consumo de proteínas”, finaliza a médica.
Fonte: assessoria de imprensa