Os surdos enfrentam diversas barreiras para acessar serviços de saúde, especialmente quando se trata de alimentação saudável. Por serem uma minoria linguística, muitos têm dificuldade em encontrar profissionais de saúde que dominem a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), o que os obriga a ter acompanhantes nas consultas médicas. Os estudantes de Nutrição do Centro Universitário de Brasília (CEUB) Larissa Soares e Gabriel Teles pesquisaram os hábitos alimentares dos surdos e defendem a importância de capacitar nutricionistas em LIBRAS.
Para apurar as dificuldades e a falta de entendimento enfrentadas por esse grupo em consultas de saúde e acompanhamento nutricional, os pesquisadores do CEUB entrevistaram 25 adultos da comunidade surda do Distrito Federal. De acordo com as respostas obtidas, 90% dos participantes apresentam sobrepeso e um alto consumo de fast-food e frituras. “O sobrepeso é resultado da grande carência de profissionais da saúde, principalmente nutricionistas, com conhecimento de LIBRAS para o atendimento aos surdos”, considera Gabriel Teles.
Como resultado do projeto, será oferecida oficina de educação alimentar e nutricional feita em LIBRAS a membros da comunidade surda. Intitulada “Monte seu lanche”, essa aula prática culinária visa auxiliar os participantes a montarem o próprio lanche saudável, avaliando suas escolhas alimentares. A turma receberá uma cartilha educativa em LIBRAS, com os princípios do Guia Alimentar para a população brasileira e receitas saudáveis. O material será acessado por meio de QR Code, para que os gestos e expressões faciais também sejam compreendidos pelos usuários.
“A oficina incluirá três opções de sucos, batata chips, hambúrguer e sanduíche. Tudo produzido e escolhido pelos participantes”, revela a nutricionista Dayanne Maynard, docente do CEUB e orientadora da pesquisa. Segundo a professora de Nutrição, essa pesquisa aponta para uma alta demanda entre os profissionais de nutrição e afirma que este pode ser o pontapé para a capacitação de profissionais de saúde em relação à acessibilidade.
Uma das autoras da pesquisa, Larissa Soares, destaca que o estudo sugere a inclusão da matéria LIBRAS nas grades curriculares das univerisidades, a fim de aumentar a inclusão social e facilitar o atendimento em consultas. “A falta de profissionais capacitados em LIBRAS é um desafio a ser superado para garantir que a comunidade surda tenha acesso à informação e cuidados de saúde de qualidade. O projeto é um passo importante na luta pela inclusão e igualdade de acesso à saúde para todos”, defende.
Brasil em Libras
No Brasil, cerca de 5% da população é surda e parte dela usa a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como auxílio para comunicação. Segundo dados do IBGE, esse número representa 10 milhões de pessoas, sendo que 2,7 milhões não ouvem nada. Em relação à educação, a comunidade surda possui baixas taxas de formação. Devido a essas dificuldades, muitos surdos evitam procurar nutricionistas e recebem suas dietas sem compreender completamente seus problemas de saúde. A falta de acesso a informações nutricionais pode levar a problemas de saúde decorrentes de uma dieta inadequada.
Fonte: assessoria de imprensa