Quando Betinho fundou a Ação da Cidadania, Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida, ele sabia que estava apenas fazendo a sua parte. Naquele momento o país soube pela primeira vez que 32 milhões de pessoas estavam vivendo abaixo da linha da pobreza e assumiu um papel ativo no combate à fome. O ano era 1993. Mas para 15% da população que não têm o que comer hoje, ou melhor, três décadas depois, a fome continua dolorosa e apressada.
Diante de tantas rupturas sociais, políticas e econômicas que desafiam qualquer previsão ou planejamento, a Ação da Cidadania completa 30 anos em 2023 com o lançamento do livro “Cidadania: A Fome das Fomes” (Mórula Editorial), na esperança de que a sociedade se inspire – a cada capítulo – a alimentar todas as fomes – antigas e novas – de um país que deveria ser próspero para todos.
“É neste cenário que o “Cidadania, a Fome da Fomes” narra a (re)Ação à essa crise humanitária desde que voltamos ao Mapa da Fome. Então, fizemos nos últimos anos as maiores distribuições de alimentos da nossa história. Assim, ampliando o número de campanhas e transformando a entrega de comida numa ação permanente. Diversificamos nossas atividades com hortas, cozinha solidária, projetos culturais. Além disso, mudança de espaço físico e um novo modelo de gestão. Ou seja, se o livro servir como um manual de incidência política para o cidadão enfrentar os abismos sociais, já cumpriu sua missão”, afirma Daniel Souza, presidente do Conselho da Ação da Cidadania e filho de Betinho.
Enfim, a partir de depoimentos inéditos e memórias de seus dirigentes, funcionários e voluntários, o livro reflete em sua estrutura a comunicação por redes que marca o trabalho da Ação da Cidadania. Lançado pela Mórula Editorial e dividido em duas partes, o leitor vai conhecer personagens do passado e do presente que narram o amplo processo desenvolvido pela entidade. A primeira, escrita pelo jornalista Plínio Fraga, busca retratar os acontecimentos e personagens envolvidos em fatos ocorridos nos últimos cinco anos. A escritora Ana Redig ficou responsável pela segunda etapa, originalmente escrita por ela e pela publicitária Nádia Rebouças para obras publicadas em 2013 e 2018, que celebravam os 20 e 25 anos de existência da Ação da Cidadania. Redig revisou, modificou e reescreveu os originais destes trabalhos. Na compra de cada exemplar, uma cesta básica será doada a quem precisa.
Desse modo, a capa, assinada pelo artista plástico Vik Muniz, mostra a ‘cara’ de Betinho, ou melhor, do Brasil, com dois ingredientes que integram as cestas básicas entregues às famílias em situação de vulnerabilidade: arroz e feijão. Para criar o rosto do sociólogo, Vik testou durante quatro dias o ponto exato dos grãos. Nádia Rebouças, responsável pelas primeiras campanhas da Ação da Cidadania na década de 1990, assina a orelha do livro, que também será disponibilizado na versão online em inglês e espanhol.
“Cidadania, a Fome da Fomes” exalta grandes mobilizações nessas três décadas, entre elas o Natal sem Fome, considerada a maior campanha solidária de arrecadação de alimentos da América Latina; Brasil sem Fome, lançada durante a pandemia e que distribui doações ao longo do ano; e mais recentemente as campanhas Emergências e SOS Yanomami, consideradas ações urgentes, com atuação em crises humanitárias e grandes catástrofes. Desde a sua fundação, a ONG já atendeu mais de 26 milhões de pessoas e distribuiu 55 milhões de quilos de alimentos por todo o Brasil. Assim, todas as ações podem ser acompanhadas no site www.acaodacidadania.org.br. Cerca de três mil voluntários integram a Rede de Comitês no país inteiro.
O livro acrescenta ainda os futuros projetos que estão sendo desenvolvidos pelas mãos de Daniel Souza e Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania e filho de Carlos Afonso, fundador do Ibase, uma das primeiras ONGs do Brasil, ao lado de Betinho. À frente da organização desde 2016, coube a Kiko implementar a cultura de gestão de empresa, especialmente na área de captação e inovação, mas sem deixar de lado as ações eficientes contra a fome, a miséria e em defesa da cidadania. “O que resolve a fome é política pública. Vamos gerar dados, pressionar governos e congressos, formar lideranças e qualificar gente. Esse é o projeto a longo prazo”, detalha.
Afinal, Betinho foi mestre em juntar pessoas de pensamentos diversos em torno de uma mesma ideia. Assim, cada capítulo de “Cidadania, a Fome da Fomes” eterniza a transformação que começou com ele apenas fazendo a sua parte. Mas o futuro depende da ação que você, cidadão, tomar hoje. Quem sabe no próximo livro, a fome seja passado.
Sobre os autores
Ana Redig é jornalista e escritora há 33 anos. Parceira da Ação da Cidadania desde 1994, quando integrou a primeira equipe do Jornal da Cidadania, atuou como repórter, redatora e editora. A experiência foi um divisor de águas em sua carreira, imprimindo a opção pelas causas sociais em seu currículo.
Plínio Fraga é jornalista, escritor e doutor em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da UFRJ. É autor da biografia “Tancredo Neves – o príncipe civil”. Em 35 anos de carreira, atuou como editor-chefe, editor e repórter em publicações como as revistas Época e Piauí, e os jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Jornal do Brasil.
Fonte: assessoria de imprensa