Diversos estudos já comprovaram a relação direta dos hábitos alimentares com a saúde. Para os idosos, a alimentação tem um papel ainda mais relevante. O coração precisa de cuidados extras, a pele de uma ajuda para cicatrizar, manter o peso pode ser ainda mais difícil e perdas óssea e muscular são uma constante. Uma alimentação direcionada contribui para amenizar efeitos provocados pela idade. Além de ser saudável, a gastronomia funcional também pode ser saborosa e afetiva, trazendo lembranças.
Pensando em proporcionar prazer e nutrição adequada, um trabalho pioneiro está sendo feito para atender as necessidades específicas desse público. O chef Reinhard Pfeiffer, especialista em gastronomia funcional, desenvolveu um cardápio exclusivo para os moradores do Elissa Village, um residencial para idosos especializado em longevidade, localizado perto de Curitiba. O menu combina a cozinha mediterrânea, considerada a mais saudável do mundo, com a milenar cozinha indiana Ayurveda. “Juntas, eu associo essas duas culinárias à gastronomia funcional, que potencializa a biodisponibilidade dos alimentos em suas combinações e minimizam os impactos de alguns alimentos no organismo”, explica. Hoje com 40 anos, o catarinense Reinhard foi chef de um dos mais conceituados spas do mundo, criou o primeiro festival de comida sustentável em Curitiba, é professor na escola de gastronomia do Centro Europeu e coordenador da pós-graduação de Gastronomia Funcional da Univille em Joinville, além de autor de dois livros premiados. É toda essa experiência que ele traz ao assinar o cardápio do Elissa Village.
No menu personalizado estão comidas para blindar o coração como frutas vermelhas e roxas, e as gorduras boas do azeite de oliva e abacate. A hidratação é feita à base de chás variados e alimentos ricos em água. Para ajudar na cicatrização e combater doenças respiratórias, muitas frutas com vitamina C. Pratos com muitas fibras são essenciais para a boa digestão e manutenção do peso. O combate às artrites e hipertensão é feito com alimentos fonte de ômega 3. Contra a perda óssea e muscular, estão fontes vegetais de cálcio, minerais, vitaminas, pescados, nozes e “superfoods” como a quinoa e os vegetais escuros.
“A gastronomia funcional afetiva é um conceito em que o saudável também pode remeter àquela comida que dá aconchego — o comfort food — e trazer doces lembranças da nossa casa e infância”, conta Pfeiffer. Com alimentos orgânicos, os que vêm da terra (plant based), o objetivo do mix do chef é desmistificar que comida saudável é sem sabor e, ao mesmo tempo, capaz de prevenir ou combater doenças que impedem a longevidade.
Longevidade no Brasil – A população idosa no Brasil cresceu 26% em seis anos, segundo pesquisa do IBGE. A mesma pesquisa mostra ainda que a população de até 13 anos recuou 6%. Hoje, são mais de 29 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, e a expectativa até 2060 é que este número suba para 73 milhões — um aumento de 160%.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), diabetes, câncer e doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de 70% de todas as mortes no mundo.