Agosto Dourado ressalta os benefícios da amamentação para a mãe e bebê

A amamentação tem um papel importante para a saúde e o desenvolvimento do bebê, proporciona um vínculo afetivo entre filho e mãe, além de promover benefícios significativos para a saúde feminina. Afinal, o  leite materno contém todos os nutrientes essenciais que um bebê precisa para crescer e se desenvolver nos primeiros meses de vida.

Para ressaltar a importância do aleitamento materno, a campanha Agosto Dourado surgiu no Brasil em 2017, pela Lei Federal nº 13.345, de 12 de abril. Assim, essa lei reforça a importância do aleitamento materno e estabelece diretrizes para a promoção e apoio à amamentação, como a campanha de conscientização.

O leite materno é considerado um alimento completo para a saúde e o crescimento dos bebês, o que explica a escolha da cor dourada para representar o “ouro” .

A recomendação da OMS (Organização Mundial da saúde) é que os bebês recebam alimentação exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade. Nesse sentido, mesmo após a introdução dos primeiros alimentos sólidos, sigam com a alimentação até, pelo menos, os 2 anos de idade.

Paloma Popov, mestre em Nutrição e docente do Centro Universitário de Brasília (CEUB), destaca que o leite materno é uma fonte completa de nutrientes para os bebês nos seis primeiros meses de vida. Ele contém todos os elementos necessários para o crescimento adequado da criança, incluindo água, proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e sais minerais.

“O leite materno auxilia no desenvolvimento do imunológico, neurológico e metabólico da criança”, explica. “Além de suprir todas as necessidades do bebê, as imunoglobulinas presentes no leite materno fortalecem o sistema imunológico da criança, ajudando-a a combater infecções e doenças”.
Paloma Popov

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Benefícios da amamentação para a mãe

Não é apenas o bebê que se beneficia do ato de amamentar, mas as mamães também. No período pós-parto, a amamentação estimula a contração uterina e reduz o risco de hemorragias, colaborando com a recuperação da mãe.

Amamentar reduz em 22% o risco de câncer de mama, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Bem como, quanto maior o tempo de amamentação, maior a proteção, chegando a 26% para quem amamenta por um ano ou mais. Quanto ao câncer de ovário, a supressão da ovulação durante o período de amamentação contribui para a diminuição do risco.

“Para as mães que desejam retornar ao seu peso pré-gestacional, a amamentação pode ser uma aliada. A produção de leite materno consome entre 300 e 600 calorias por dia, acelerando o metabolismo da mãe e facilitando a queima de gordura acumulada durante a gestação”, ressalta Hamilton Robledo, pediatra na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo e membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Conexão emocional

O especialista também comenta que a amamentação proporciona momentos de conexão emocional entre mãe e bebê. O ato de amamentar reduz o estresse e cria oportunidades de intimidade e comunicação não-verbal entre mãe e filho, estabelecendo uma base sólida para o relacionamento futuro.

“A liberação de ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”, fortalece o vínculo entre ambos. O contato pele a pele durante a amamentação é importante para o desenvolvimento emocional tanto da mãe como do bebê, oferecendo conforto e segurança ao recém-nascido”, finaliza o pediatra.

“No pós-parto imediato a amamentação é muito importante para a mãe porque o mesmo hormônio que ejeta o leite na boquinha do bebê é o mesmo hormônio que faz o útero contrair. Assim, o útero contraindo vai prevenir infecções, vai prevenir sangramento. Além disso, vai fazer com que o corpo da mãe volte ao normal mais rápido, porque a barriga vai desinchar mais rápido. Para o bebê é o boom de anticorpos. Por isso que a gente pede que a amamentação seja iniciada na primeira hora de vida, porque isso vai auxiliar muito na proteção que o bebê recebe de anticorpos prontos. É aquela proteção imediata para ele que ainda não recebeu nenhuma vacina e está totalmente vulnerável”.
Pediatra Larissa Lucena, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia

Como amamentar

A pediatra Larissa Lucena explica que as pessoas acreditam que a amamentação é simples, que é só colocar o bebê no seio e vai dar tudo certo, mas não. A mãe tem que saber posicionar o bebê corretamente, tem a forma com que ele pega no seio, na aréola, tem que ter um ensinamento da mãe e é importante que essas orientações sejam feitas ainda no pré-natal, por isso que é importante que no pré-natal a mãe passe com uma pediatra também para fazer essas orientações em relação à mamada”, orienta a especialista.

“A fonoaudióloga na primeira semana de vida do bebê é muito importante. Afinal, ela vai auxiliar nesse posicionamento correto do bebê no seio. Ou seja, ele precisa conseguir abocanhar o máximo possível da aréola da mãe e não só do bico”, completa.

Dificuldades

Larissa Lucena explica ainda sobre dificuldades que o recém-nascido pode apresentar para mamar. “Outra coisa que pode dificultar o bebê fazer essa pega correta é a linguinha presa. Por isso também na primeira semana de vida tem que ter avaliação da fono. Assim, se ela acreditar no exame físico dela que o bebê tem necessidade de fazer uma frenectomia, que é aquele cortezinho debaixo da língua, tem que ser direcionado para uma odontopediatra. Nesse sentido, é a profissional que vai fazer esse tratamento, o cortezinho para o bebê conseguir fazer a pega correta ao mamar”.

Alguns bebês precisam de translactação ou relactação. Estas são técnicas semelhantes nas quais se utiliza uma sonda próxima ao mamilo para conduzir o leite de um recipiente para a boca do bebê. A diferença é que na translactação se usa o leite materno e na relactação utiliza-se o leite artificial. Ambas situações são formas de se estimular a sucção mamilar por parte do bebê até que haja a produção do leite materno de forma satisfatória ou até o bebe “aprender” o processo de sucção.

“O bebezinho é colocado para fazer a pega no seio da mãe, só que o leite em vez de sair do mamilo vai sair através de uma sonda. A gente indica para o bebê estimular o máximo possível a sucção no seio da mãe. Se a gente quer estimular que o seio produza novamente leite ou aumente a quantidade, a gente precisa fazer com que o bebê sugue”, destaca a médica.