Após procurar no mercado por produtos que tivessem maior valor agregado e estabelecessem grandes desafios para se trabalhar, a agtech 100% Livre decidiu cultivar tomate, morango e hortaliças com histórico de alto uso de defensivos agrícolas. Assim, a empresa inovou ao desenvolver um sistema de produção para diferentes espécies de hortaliças cultivadas em um ambiente controlado e fechado. A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a Embrapa Hortaliças.
Os testes começaram em julho do ano passado e envolveram mais de 30 linhas de tomate grape e 12 linhas de morango que foram colocadas em mais de 10 ambientes. Desse modo, com iluminação e formas nutritivas diferentes, sempre utilizando a mesma estrutura já usada nas fazendas verticais da empresa para o cultivo e outras hortaliças, como a alface, por exemplo. O desafio, no caso do tomate, era o crescimento indeterminado da planta que pode ultrapassar os 5 metros de altura, o que inviabiliza o cultivo dentro da estrutura preexistente nas fazendas verticais da 100% Livre.
Como não havia no mercado sementes de ciclo curto, produtividade alta e crescimento controlado dentro de um ambiente reduzido, a solução encontrada pelos pesquisadores da agtech foi acionar a área de melhoramento genético do Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças (Embrapa Hortaliças). Assim foi feito, sob supervisão de Leonardo Boiteux, engenheiro agrônomo com doutorado em melhoramento e genética de plantas pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos.
O resultado dessa pesquisa é uma nova variedade de tomate grape, ainda sem nome, com material genético registrado no Ministério da Agricultura, de acordo com a Lei de Proteção de Cultivares (LPC). “Depois de juntar famílias diferentes atrás das características que procurávamos, como tamanho e formato do fruto, planta pequena e produtiva, chegamos a um modelo nosso, do jeito que a gente queria, com crescimento controlado, alta produção e com entrega de fruto precoce e de qualidade sem nenhum tipo de defensivo”, diz Diego Gomes, CEO e sócio fundador da 100% Livre. “Agora estamos seguros para escalar, junto com o crescimento da estrutura da fazenda, então vamos começar a reprodução de sementes e iniciar a produção em torres só de tomate”.
Já o morango cultivado nas fazendas verticais é de mudas comerciais importadas da Espanha e do Chile — por enquanto. O objetivo é realizar o mesmo trabalho que foi feito com o tomate em parceria com a Embrapa Hortaliças. “Vamos produzir mudas comerciais, mas continuamos o estudo para termos uma espécie desenvolvida em nosso laboratório”, explica Diego. Mas mesmo com as mudas comerciais, o resulto do cultivo indoor da 100% Livre é excepcional, com sabor mais concentrado e um grau Brix de 17.7 nos morangos produzidos e colhidos na fazenda do bairro do Ipiranga, em São Paulo. O grau Brix é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis (entenda-se basicamente como açúcar ou sacarose) em uma fruta. Quanto mais alto o grau Brix, maior a doçura e a qualidade do produto. E um morango sem agrotóxico, o que não existe no mercado.
“O mais interessante é que conseguimos adequar a produção tanto do tomate quanto do morango na mesma estrutura em que produzimos a alface, sem precisarmos nos reestruturar. Esse foi o pulo do gato. A única diferença para as outras hortaliças são os nutrientes, temperatura, mas conseguimos dar o equilíbrio perfeito para elas”, conta Diego.
A primeira colheita de tomates e morangos será realizada em 90 dias e as vendas seguirão a mesma lógica das outras hortaliças, começando com pessoa física — quem já possui assinatura de cesta vai ter prioridade. Os supermercados receberão o produto a partir do começo do segundo semestre. Nas próximas colheitas não será necessário esperar 90 dias, já que a mesma planta estará mais estruturada e dará fruto várias vezes.
Fonte: assessoria de imprensa