A alimentação é invariavelmente relacionada com nosso bom-humor, basta mudar nosso hábito que rapidamente iremos perceber. “Tente retirar o carboidrato (arroz, batata, macarrão e farinhas), no mesmo dia possivelmente algum estresse irá surgir, além de uma sensação de fraqueza e desanimo para as atividades rotineiras. Nosso cérebro se alimenta de glicose, porém nossos neurônios ‘conversam’ entre si através dos neurotransmissores! Diversos alimentos possuem a capacidade de modular, aumentando ou diminuindo certos neurotransmissores, como a serotonina, levando a sintomas diversos para o paciente”, explica o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista do HCor e membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA).
Mas, não apenas os alimentos que comemos afetam o nosso humor, mas também o nosso humor pode influenciar na escolha dos alimentos que comemos. “Os nutrientes encontrados em alimentos saudáveis trabalham para fazer com que o cérebro produza serotonina, popularmente conhecido como hormônio do bem-estar. Os alimentos com altos índices de açúcares, por sua vez, aumentam a energia e promovem uma melhora a curto prazo, mas os efeitos positivos são passageiros”, afirma a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.
A relação entre o humor e os alimentos consumidos têm sido frequentemente estudada, e alguns estudos mostram que as pessoas com um estado de espírito negativo têm maiores probabilidade de escolher alimentos açucarados, gordurosos ou excessivamente salgados, do que alimentos nutritivos.
“Esses alimentos, apesar de contribuírem para uma melhora momentânea do humor, podem gerar, posteriormente, sentimentos indesejados como a culpa, causando degradação ainda maior do estado de espírito. Para evitar esse círculo vicioso, uma boa estratégia é realizar atividade física regularmente; isso, além de trazer benefícios à saúde e contribuir para a produção dos hormônios que causam bem-estar, ajuda no controle ao consumo dos alimentos pobres nutrologicamente”, explica a nutróloga.
Segundo a Dra. Marcella, esses estudos que relacionam o humor à escolha dos alimentos devem ser intensificados, pois, se comprovados, podem trazer grandes benefícios às pessoas com esse tipo de instabilidade. “Devemos também prestar atenção na conexão recém-reconhecida entre o intestino e nosso cérebro. Nosso intestino é sensível aos aspectos emocionais, não dá para negar. Então, se nosso intestino não vai bem, devemos estar também com algum contexto emocional negativo em atividade”, explica o Dr. Gabriel.
No entanto, existem sim alimentos saudáveis que fazem bem ao humor e ao cérebro. “Alimentos que estão ligados ao aumento dos neurotransmissores relacionados ao bem-estar (serotonina e dopamina) geralmente possuem triptofano, vitaminas do complexo B e selênio. Alimentos antioxidantes, de forma geral, também seguem este raciocínio. Alguns estudos mostram, também, que alimentos ricos em vitamina D parecem reduzir o risco de depressão em mulheres”, explica o Dr. Gabriel Batistella.
A nutróloga lista alguns alimentos saudáveis que estimulam a produção de neurotransmissores: “A banana é rica em carboidratos que estimulam a serotonina, além da vitamina b6, que promove energia; o brócolis é rico em ácido fólico, que ajuda a liberar serotonina e renova as células; o espinafre e as folhas escuras, por serem ricas em magnésio, aumentam a produção de energia e possuem potássio e vitaminas A, C e do complexo B, que mantêm o sistema nervoso em tranquilidade; sementes de girassol e abóbora também são ótimas opções, já que ajudam a regular o sono que, por consequência, melhora o humor”, recomenda.
O neurologista afirma que, preferivelmente, devemos evitar, se não absolutamente, mas sempre que possível, o fast food e refrigerantes de forma geral (mesmo refrigerantes ditos dietéticos ou zero açúcar). “A carne vermelha vem sendo associada a um estado pró-inflamatório maior do corpo, e seu consumo deveria ser moderado ao longo da semana. Alimentos ricos em açúcar, como chocolates ao leite, balas, achocolatados e cereais matinais são extremamente nocivos a nossa saúde se consumidos em excesso. Importante lembrar dos alimentos que chegam até nós muitas vezes disfarçados. Não confie nas embalagens bonitas, olhe sempre a relação nutricional e tenha um profissional de confiança com você, quase como um guarda alimentar, isto com certeza irá gerar a tão procurada reeducação alimentar”, diz o Dr. Gabriel.
Por fim, o neuro-oncologista afirma que a alimentação está muito relacionada ao envelhecimento saudável e a prevenção até de Alzheimer! “Alguns dados científicos já são muito fortes quanto à redução de risco da doença, como: retirada de refrigerantes, preferir proteínas magras, reduzir alimentos gordurosos e ricos em colesterol, remover completamente o açúcar refinado e alimentos processados e preferir alimentos sem sódio ou com alta restrição de sódio na sua composição”, diz o médico.
A nutróloga ressalta que o ideal é realizar acompanhamento nutrológico com um profissional responsável e membro da Associação Brasileira de Nutrologia, pois poderá orientar um plano de alimentação de acordo com as necessidades de cada paciente, incluindo nutrientes que podem ser consumidos com o objetivo de envelhecer de forma saudável. Estudos recentes até apontam o consumo de mais fibras, principalmente as solúveis, para reduzir o risco de desenvolver demência. “Esses achados podem estar relacionados a interações entre o intestino e o cérebro. Boas fontes de fibra solúvel incluem cevada, aveia, feijão, nozes e frutas como maçãs, bagas, frutas cítricas e peras”, finaliza a médica.
Fonte: assessoria de imprensa