Acredita-se que, na adolescência, 40% do conteúdo ósseo seja formado, atingindo até o final deste período cerca de 92% da massa óssea final de um indivíduo. Assim, pessoas que conseguem desenvolver um adequado pico de massa óssea (que ocorre por volta dos 20 anos de idade) são menos propensas à ocorrência de fraturas e osteoporose na vida adulta.
O cuidado com uma nutrição adequada, principalmente para os públicos de crianças e adolescentes, faz-se necessário para a correta constituição e crescimento dos ossos, promovendo a saúde do sistema esquelético ao longo de toda a vida. Em especial, alguns minerais desempenham função primordial em sua construção, sendo ainda componentes básicos de sua estrutura.
O cálcio é amplamente reconhecido pelo seu papel essencial na estrutura óssea, haja vista que cerca de 99% do seu conteúdo total do organismo está presente nos ossos e dentes. Sua presença é fundamental para a manutenção da rigidez, garantia da resistência às forças mecânicas e proteção aos tecidos moles.
Juntamente com o fósforo, constituem os principais componentes da porção inorgânica do osso, participando da mineralização e posterior formação da matriz óssea dura.
Outros minerais como magnésio, silício e boro, apesar de nem sempre mencionados, também desempenham papel relevante na integridade óssea. De acordo com estudos, uma maior ingestão destes nutrientes estaria relacionada com o aumento da densidade mineral dos ossos. No entanto, os mecanismos envolvidos neste desfecho ainda são desconhecidos e continuam a ser investigados pela literatura.
Por isso, particularmente no que diz respeito ao cálcio, é necessária a correta ingestão de alimentos fontes deste nutriente para crianças e adolescentes. Na dieta, entre os alimentos que possuem maior quantidade, incluem-se principalmente o grupo de leite e derivados, que podem ser facilmente incorporados.
Demais alimentos, como alguns frutos do mar e hortaliças verdes escuras (brócolis, couve, rúcula), são igualmente consideradas fontes de cálcio, porém pedem uma maior ingestão para atingir as quantidades recomendadas, que variam de 1.000 a 1.300 mg/dia durante os períodos de infância e adolescência.
Uma alimentação equilibrada fornecerá não somente o cálcio, mas outros nutrientes indispensáveis a um crescimento e desenvolvimento global apropriados. Do mesmo modo, necessário é mister atentar-se à adequação da vitamina D, que é sintetizada na pele por meio da exposição aos raios solares e exerce papel chave na absorção de cálcio pelos ossos.
Portanto, a combinação de uma dieta variada composta por alimentos de boa qualidade, com a prática de exercícios físicos – estabelecida como um fator que maximiza o ganho de massa óssea na adolescência, é o alicerce para a construção de ossos fortes e saudáveis não somente na juventude, mas também na vida adulta e envelhecimento.
A correta absorção dos nutrientes do solo permite a produção de plantas com adequado equilíbrio nutricional e, consequentemente, de produtos ricos em elementos indispensáveis à saúde dos ossos e dos dentes. O processo de fertilizar os solos por meio da adubação é a forma mais eficiente para a obtenção de alimentos que atendam as nossas demandas nutricionais.
A iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV) tem a missão de esclarecer e informar à sociedade sobre os benefícios dos fertilizantes (ou adubos) na produção dos alimentos, bem como sobre sua utilização adequada e manejo sustentável, visando a fornecer os nutrientes essenciais para garantir a segurança alimentar.
Vale registrar que o osso é um tecido multifuncional, metabolicamente ativo. A despeito de ser considerado por muitos como tecido inerte, a estrutura óssea passa por processos de remodelagem durante a vida, sofrendo uma rotação notável em comparação com outros tipos de tecido presentes no organismo.
Desta forma, segue constantemente renovando-se no intuito de manter a devida sustentação necessária ao corpo, além de preservar a força óssea indispensável à execução das atividades diárias e funcionamento adequado do esqueleto.
Entre os períodos de maior importância quando se fala de saúde óssea, podemos citar especialmente a infância e a adolescência, pois justamente nestas fases observamos um ciclo de crescimento mais acelerado, marcado pelos processos de formação e mineralização óssea.
Daniel Magnoni é consultor da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), diretor de Serviço de Nutrologia e Nutrição Clínica do Hospital do Coração – Hcor, Mestre em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP