Doenças do coração podem afetar pessoas nas mais diferentes condições. Muitas vezes, os problemas aparecerm de forma sútil, sem afetar muito o cotidiano como um leve aumento na pressão, dores pontuais ou famoso colesterol.
O cardiologista Augusto Scalabrini Neto, professor da USP e vice-diretor do programa de residência do Hospital Sírio Libanês, comenta que há várias formas de diminuir os riscos dessas doenças. Redução de estresse, evitar a obesidade, cafeína, álcool e cigarros são algumas delas.
Mas as principais medidas se enquadram em uma dieta saudável e exercícios físicos, porque além de reduzir riscos cardiovasculares, também aumentam a disposição e retardam o envelhecimento daqueles que as praticam. O especialista explica que estudos recentes demonstram claramente que as pessoas que mantêm um bom condicionamento cardiovascular envelhecem melhor, com mais saúde e menos eventos negativos.
Outro fator determinante para se manter saudável é manter o nível de colesterol LDL (o colesterol ruim) baixo . Logo, uma dieta com pouca gordura saturada, baixa em carboidratos e rica em fibras pode ser o que vai manter essas enfermidades longe. “Essa fração LDL aumenta a quantidade de gorduras no sangue, e facilita o depósito dessas gorduras nas artérias, provocando o aparecimento das chamadas placas gordurosas e consequentemente a obstrução das artérias, como se fosse ferrugem em um cano”, aponta Augusto.
Por apresentar um grande percentual de gordura saturada, a carne de porco se enquadra neste caso e por isso, deve ser evitada.
Mas nem todas as gorduras são prejudiciais. Embora as saturadas aumentem o colesterol podendo induzir obstruções arteriais, as mono e polinsaturadas aumentam a fração HDL do colesterol (o colesterol bom) e podem ter um efeito benéfico para o coração. O colesterol “bom” remove gorduras do sangue e evita o depósito dessas substâncias nos vasos. Portanto quanto mais alto o nível da fração HDL, menor o risco cardiovascular.
Para ajudar a manter os níveis de colesterol equilibrados, a alimentação é uma grande aliada. Enquanto alguns alimentos podem deteriorar as artérias, outros podem amparar, não somente o coração, mas a saúde do corpo de maneira integral.
O azeite extra virgem, por exemplo, é rico em gorduras monoinsaturada, que ajudam a aumentar os níveis de colesterol “bom”. O médico recomenda que o azeite seja sempre puro e de excelente qualidade. “O benefício é atingido quando se ingere azeite de oliva puro, sem misturas, e preferencialmente sem aquecer, já que o aquecimento pode promover a saturação das gorduras monoinsaturada com consequente perda de suas propriedades benéficas”, destaca o cardiologista.
Alguns alimentos são constantemente associados com benefícios para o coração, mas não foram estudados o suficiente e nem comprovaram a sua eficácia real. É o caso das frutas ricas em vitamina C, como laranja, morango e acerola, chocolates puros (+70%), que contêm grandes quantidades de antioxidantes, e portanto, fazem bem à saúde, mas não necessariamente para o coração.
Dr. Augusto menciona que o alho também tem sido citado como benéfico. e aponta que existem alguns estudos demonstrando efeitos benéficos do alho na redução das gorduras do sangue, portanto, do colesterol, na redução da agregabilidade das plaquetas. Isto proporciona a redução do risco de coágulos que poderiam causar infarto e aumento no relaxamento das artérias, reduzindo assim a pressão arterial.
Outros alimentos surpreendem ao ser associados com a saúde do sistema cardiovascular, como o vinho e suco de uva, pois possuem resveratrol. “Estudos mostram que o resveratrol é capaz de aumentar os níveis da fração HDL do colesterol, reduzir os radicais livres e diminuir a coagulação de forma adequada, assim evitando eventos como o infarto do miocárdio”, conclui e também recomenda moderação, especialmente se tratando de álcool.
Augusto Scalabrini Neto é cardiologista, graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É Professor Adjunto e Coordenador de Ensino do Departamento de Emergências Clínicas na mesma Universidade, Coordenador Geral e Didático do Laboratório de Habilidades e Simulação da Faculdade de Ciências Médicas Minas Gerais e Docente Invitado da Universidad Finis Terrae em Santiago, Chile. Coordena vários projetos de investigação nacionais e internacionais em Educação Médica e Simulação. Vice-Presidente da COREME (Comissão de Residência Médica) do Hospital Sírio Libanês e supervisor do Programa de Residência Médica em Cardiologia do Hospital Sírio Libanês.
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