O estresse, em maior ou menor quantidade, faz parte do dia a dia de qualquer pessoa. É um dos grandes males da vida moderna. Para lidar com esse desbalanço emocional, cada indivíduo adota uma estratégia. Por exemplo, muitos apostam no consumo de alimentos, as famosas Comfort Foods.
O conceito de Comfort Food tem origem em 1977, nos Estados Unidos, com definição no Webster’s Dictionary como um “alimento gratificante, preparado de forma simples e tradicional, que lembra a casa, a família e os amigos”. Porém, mais recentemente, a ideia de Comfort Food passou a englobar qualquer alimento que, quando consumido em determinada situação, ocasiona conforto físico e psicológico. Então, vários alimentos podem ser considerados comidas de conforto, porque a sensação está vinculada a preferências e experiências individuais. Podem ser desde comidas caseiras, receitas de família e sobremesas tradicionais até alimentos saudáveis, com composição, textura e temperatura agradáveis.
Esse conceito tem ganhado ganha cada vez mais adeptos no mundo, na linha contrária dos fast foods e das receitas super elaboradas. O principal conceito da culinária comfort é a simplicidade. Essa comida afetiva e confortável mexe com a memória e é ligada às boas lembranças, trazendo aconchego ao remeter ao aroma da cozinha, da infância, de momentos e experiências especiais que ficaram marcados para sempre na memória.
E existem dois grandes mecanismos para o conforto desencadeado pelos alimentos: o emocional e o físico. As comidas podem proporcionar alívio emocional ou sensação de prazer em situações de fragilidade quando associadas a períodos significativos da vida do indivíduo, como a infância ou a convivência com a família e amigos, ou ainda remeter a lembranças de lugares ou experiências positivas do passado. Já com relação ao conforto físico, essas comidas geralmente possuem características físico-químicas (composição, textura, facilidade na mastigação e temperatura) que proporcionam ao indivíduo um bem-estar físico, além do emocional. Diferentes preferências em relação a estes aspectos podem ser relevantes e desencadear individualmente maiores ou menores ações na química cerebral.
Porém, além das Comfort Foods, as pessoas também buscam prazeres em alimentos mais palatáveis. Mas aqui é necessário ter cuidado com os excessos, pois o consumo exagerado desses alimentos que trazem conforto e prazer imediato pode causar desequilíbrios metabólicos. No entanto, é importante lembrar que ao contrário dos alimentos hiperpalatáveis, geralmente com grandes quantidades de açúcares e gorduras que invariavelmente devem ser consumidos com muita moderação, as Comfort Foods podem ter composição muito equilibrada e saudável.
Mas todo consumo excessivo e monótono deve ser evitado, inclusive dos alimentos com funcionalidades, que devem estar inseridos em um hábito alimentar equilibrado, pois sua ingestão descontrolada pode resultar em deficiências de outros nutrientes importantes. Os principais conceitos relativos a um hábito alimentar adequado são equilíbrio e moderação, portanto, o consumo de alimentos que podem impactar negativamente a saúde deve sempre ser seguido de boas escolhas alimentares para compensar. Em uma dieta saudável tudo pode ser incluído, com moderação.
Dra. Marcella Garcez – Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez