Existem mais de três mil plantas não convencionais comestíveis catalogadas no Brasil – ricas em nutrientes e com alto teor de proteína – e que podem ser incluídas em nossa alimentação, mas ainda não são conhecidas pela população.
As PANC, acrônimo para Plantas Alimentícias Não Convencionais, estão em quase todo lugar: nas pracinhas, em terrenos, no jardim, horta ou em canteiros de rua e são consideradas apenas um ‘matinho’ para quem não sabe sobre essa possibilidade alimentar.
De acordo com o biólogo amazonense e criador da sigla PANC, Valdely Ferreira Kinupp, esses vegetais são espécies espontâneas ou silvestres, orgânicos pela própria essência, e com grande variedade de nutrientes que melhoram as funções do corpo e ajudam a prevenir várias doenças.
“Consumir Pancs é uma forma de valorizar a biodiversidade, reestabelecer a saúde e experimentar novos sabores. Além disso, é possível aumentar o repertório alimentar com incontáveis pratos da culinária brasileira não convencional”, explica Valdely, que esteve em Curitiba, à convite do Centro Europeu e em parceria com o Festival Sustentável Curitiba Santé, para participar de uma aula especial do curso de especialização em Cuisine Santé.
De acordo com o diretor acadêmico do Centro Europeu, Rogério Gobbi, a vinda do Valdely a sede de gastronomia demonstra, mais uma vez, que a escola prioriza a inovação e o fortalecimento do conceito da gastronomia saudável e sustentável em seus cursos de formação. “Buscamos trazer para os nossos alunos os profissionais com maior conhecimento técnico, científico e inovador que fará toda a diferença na sua formação profissional”, afirma Rogério.
Durante sua passagem por Curitiba Valdely gravou na sede de gastronomia do Centro europeu, – ao lado do chef Renhard Pfeiffer – a receita de um Baião de PANCs (confira receita abaixo).
Sustentabilidade e nutrição
Incluir as PANCs no dia a dia também é uma iniciativa sustentável. Isso porque, segundo Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), somente 30 espécies de plantas fornecem 95% da demanda humana por comida, em um universo de incríveis 30 mil variedades.
Valdely destaca os benefícios diretos e indiretos de incluir as PANCs na alimentação. “Entre os benefícios diretos estão uma alimentação mais orgânica e saudável, que pode ser produzida em pequenas áreas em casa residenciais. Já o benefício indireto é uma contribuição para o planeta, tendo em vista que estamos falando de alimentos sem o uso de agrotóxicos ou adubos químicos”, completa.
Outra dica do biólogo é para que as pessoas busquem informações sobre como identificar as PANCs indicadas para a alimentação humana. “Elas não são convencionais, não estão na merenda ou nas feiras, as pessoas leigas devem fazer cursos e se qualificar para identificar as PANC. O que pode ser feito é ir às feiras orgânicas e começar a encomendar plantas do agricultor, como ortiga, picão branco, preto ou uma fruta diferente”, orienta Valdely.
Entre as espécies de PANCs estão a ora-pro-nóbis, também chamada como carne-de-pobre, possui alto teor de proteína,a é rica em vitaminas do complexo B, A e C, fibras e fósforo. As folhas são sua parte comestível, podendo ser consumidas secas ou frescas, cruas ou cozidas, e até acrescentada a massas de pães. Já a bertalha também é trepadeira com folhas e caules verdes, carnosos e suculentos, com aparência similar à do espinafre. É rica em vitamina A, vitamina C, cálcio e ferro. As folhas e os ramos novos devem ser consumidos logo após a colheita, refogados ou em substituição ao espinafre e à couve, ou em omeletes, quiches e tortas. Crua, pode ser ingerida junto a saladas verdes.
Festival Curitiba de Cozinha Santé
O Festival Curitiba de Cozinha Santé – que este ano será diferente e tem o lançamento previsto para 20 de outubro pelo site curitibasante.com.br – contará com uma aula específica sobre PANCs.
Reinhard Pfeiffer , um dos idealizadores do evento, explica que o objetivo desta edição é entrar na casa das pessoas levando consciência através de receitas saudáveis e saborosas.
Outra surpresa para esta edição é o lançamento de um e-book com mais de 40 receitas ‘plant based’ e fotos autorais que o público ao adquirir as aulas/palestras irá receber. O vídeo + o ebook é vendido através do ecommerce curitibasante.com.br.
Confira a receita do Baião de PANCs
Baião de PANCs (Chef Reinhard Pfeiffer)
Ingredientes
• 2 xícaras (chá) de arroz vermelho (cozido)
• 2 colheres (sopa) de gengibre ralado
• 5 colheres sopa de manteiga de garrafa
• ½ xícara de tofu defumado picado (substituto do bacon)
• 1 cebola roxa picada
• 1 pimenta dedo de moça picada
• 1 pimentão vermelho picado
• 1 xícara de cogumelos portobelo (laminados)
• 3 dentes de alho picados
• Cominho (despertar no fogo antes)
• 2 xícaras (chá) de feijão-de-corda ou carioca cozido al dente (salgar quente após cocção)
• 4 e 1/2 xícaras (chá) de caldo de legumes (salsão, cenoura, tomate, cebola, ervas)
• Sal e pimenta-do-reino a gosto
• 1 xícara (chá) de queijo coalho em cubos (grelhar antes)
• 2 colheres de coentro picado
• Páprica defumada
• 1 xícara de PANC picadas
• 1 xícara de tomate cereja confitado
• Manteiga de garrafa (para finalizar)
Modo de preparo
Aqueça a manteiga (1 c sopa) com o gengibre fresco até começar a fritar.
Acrescente o arroz vermelho e refogue demoradamente.
Junte o caldo de legumes fervente e o sal. Quando o caldo retomar à fervura, abaixe o fogo, tampe a panela e cozinhe por cerca de 35 minutos.
Destampe e cozinhe por mais 10 minutos ou até a água secar. Desligue o fogo e mantenha o arroz por 5 minutos em panela tampada para finalização do cozimento. Reserve.
Numa frigideira, doure os cogumelos na manteiga de garrafa , o tofu defumado e a pimenta dedo de moça, salgue, tempere com pimenta e acrescente o feijão, o arroz e o queijo coalho . Tempere com pimenta, páprica, coentro e finalize com as Panc e os tomates confitados.
Acrescente mais manteiga para dar um brilho. Desligue o fogo e transfira para uma travessa.
Tempo: 50min (+5min de descanso)
Rendimento: 6 porções
Dificuldade: fácil
Ingredientes
Fonte: assessoria de imprensa