Cortar totalmente o sal da dieta pode causar prejuízos à saúde
Sal

Com as recentes dietas da moda, muitas pessoas vêm cortando, sem necessidade, alguns nutrientes constantemente demonizados, como o sal. Mas, embora o consumo em excesso seja prejudicial, a falta da substância também pode causar problemas sérios de saúde.

Por: Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga

O sal é constantemente pintado como um vilão da saúde. O que não quer dizer, porém, que deve ser completamente cortado da dieta. Na verdade, a eliminação total do sódio da alimentação pode levar a um problema conhecido como hiponatremia, que é a diminuição, no sangue, do sódio em relação à água e pode causar edema cerebral e crises convulsivas. Além disso, a falta desse mineral pode levar à dor de cabeça, desidratação intensa, fraqueza muscular, vômitos, diarreias e até mesmo a arritmia cardíaca. A questão é ainda mais importante para quem prática exercícios físicos, pois a ausência de sódio dificulta a contração muscular, piorando o desempenho e causando cãibras.

A realidade é que nosso organismo precisa de sódio, mas em baixas quantidades. Segundo a Organização Mundial da Saúde, devemos ingerir cerca de 2,4 gramas de sódio por dia (5 gramas de sal, aproximadamente). O consumo do sódio é ainda mais importante em países tropicais, como o Brasil, já que o clima mais quente faz com que transpiremos mais e, consequentemente, percamos mais sal. Apesar do consumo brasileiro ser excessivo, zerar a ingestão do nutriente não é recomendado.

O sódio é importante porque atua em diversas funções do organismo, como equilíbrio de líquidos, impulsos nervosos, ritmo cardíaco e contração muscular. Por exemplo, o sódio e o potássio no sangue possuem uma função ativa de transporte de nutrientes em níveis celulares. Na prática, isso significa que o sódio ajuda na troca de nutrientes no meio celular, sejam eles aminoácidos, glicose ou água. Por isso, ele será fundamental no processo de contração muscular durante um treino ou esforço físico, por exemplo, e também na recuperação. A ingestão baixa ou zero de sódio em praticantes de musculação pode prejudicar o processo de contração muscular, a recuperação e a qualidade dos treinos. Essa ideia equivocada de zerar a ingestão de sódio é uma cópia de estratégias realizadas por fisiculturistas antes de competições para desidratar o corpo e melhorar a definição muscular. Mas isso é nocivo para o organismo.

Mas é claro que tudo deve ser feito com equilíbrio, já que o sal em excesso também é prejudicial. E sabemos que o brasileiro adulto ingere em média 12g diárias, ou seja, mais que o dobro da recomendação para a população em geral. Então, nesse caso, a orientação de reduzir o consumo de sal é corretamente aplicada e, em muitas situações, a quantidade de 5g deve ser reduzida ainda mais, sempre com orientação médica.

Isso porque o consumo excessivo de sal prejudica a função renal, causa desequilíbrio hídrico no corpo, favorecendo o inchaço, e aumenta a pressão arterial, que é um fator de risco para doenças cardiovasculares e problemas circulatórios. A grande questão para se precaver do consumo excessivo de sal é estar atento ao rótulo dos produtos alimentícios. Geralmente presente em temperos industrializados e comidas industrializadas, o sódio também pode estar embutido nos alimentos doces, como refrigerantes e, às vezes, até mesmo na água com gás.

No final das contas, o segredo de tudo é a moderação. Uma dieta individualizada, equilibrada, variada e o mais natural possível sempre trará mais benefícios ao organismo do que dietas baseadas em restrições e excessos.