É fit ou é fat? 7 alimentos vendidos como saudáveis que podem ser ‘ciladas’

Junto com as dietas da moda, não é incomum surgir um alimento que logo é tratado como o salvador da pátria – ou ainda um velho conhecido ganhar status de superalimento. Em seguida, começam as recomendações para as trocas: sai o açúcar branco, entra o açúcar de coco; sai o pão, entra a tapioca; sai o azeite, entra o óleo de coco. Simultaneamente, muitas pessoas começam a acreditar que essa substituição é mais saudável, portanto, é possível comer em maior quantidade – o que na maioria das vezes não é verdade.

Devemos sempre ter cuidado com as características e informações nutrológicas de um alimento para entender se realmente a troca se faz necessária dentro de um contexto alimentar. Em dietas, trocar seis por meia dúzia, além de desnecessário, pode ser perigoso, quando o paciente compra, erroneamente, a ideia de que aquele alimento é menos calórico ou mais saudável. Abaixo, estão as principais ‘ciladas’:

*Mel, açúcar mascavo e açúcar de coco 

São fontes de carboidratos simples que possuem mais propriedades nutritivas que o açúcar branco e não passam por processos de refino, mas mesmo com esses benefícios, devem ser consumidos com muita moderação, já que são açúcares, ricos em calorias. O mel tem 309kcal em 100g, o açúcar mascavo tem 380kcal em 100g e o açúcar de coco tem 380kcal em 100g, portanto podem contribuir para o ganho de peso e desequilibrar dos níveis de açúcar no sangue.

*Pasta de amendoim

O amendoim é uma leguminosa, rica em gordura, portanto um alimento hipercalórico, de forma que 100g tem 588kcal. Então esse é um alimento mais “fat” do que “fit”. Quase 50% dessas calorias são ácidos graxos bons, principalmente oleico, 25% proteínas, 20% carboidratos. Pode ajudar na saciedade, mas não deve ser consumida mais que 1 colher de sopa ao dia. As pessoas com histórico de alergias alimentares devem ter cuidado especial. Em alguns casos, uma opção pode ser o doce de leite, que possui muito menos calorias. Também já há no mercado opções em pó da pasta de amendoim, em que retira-se o excesso de gordura, reduzindo as calorias.

*Tapioca

Feita com a fécula de mandioca, a tapioca, que é muito tradicional em algumas regiões do Brasil, entrou no cardápio como um substituto dos pães para as pessoas com sensibilidade ao glúten, que não têm uma prevalência tão grande na população ocidental. Só que o mundo fit fez parecer que a tapioca é um superalimento e “fit”, quando a verdade não é bem essa: a tapioca tem índice glicêmico maior que o pão branco e calorias equivalentes.

*Gordura de coco 

Essa gordura conta com aproximadamente 50% de TCM, um tipo de gordura que pode ser utilizada mais rapidamente como fonte de energia, quando comparada a ácidos graxos de cadeia curta. Mas ela tem 9 Kcal/g e não tem efeito termogênico. Estudos recentes demonstram que o consumo excessivo pode ter impactos negativos no perfil lipídico e aumento de risco para doenças cardiovasculares.

*Peito de peru

Mesmo que seja uma carne magra, o peito de peru é um embutido, assim como a linguiça, salame e presunto. São ricos em aditivos químicos e sal, que, em excesso, trazem malefícios à saúde, como a hipertensão e alterações metabólicas.

*Biscoitos integrais 

Apesar de serem integrais, contêm açúcares, gordura, aditivos químicos. Além disso, na grande maioria dos produtos, a farinha de trigo aparece antes da farinha de trigo integral na lista de ingredientes. Portanto, não são 100% integrais e ainda contam com a presença de açúcares adicionados e emulsificantes. Isto favorece o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas, se consumidos com frequência.

*Barras de cereais 

As barras de cereais, sementes e proteínas têm grandes variações em suas composições. Com uma vasta possibilidade de ingredientes, a única maneira de consumir sem cair em armadilhas é ler atentamente todas as informações do rótulo do produto. Assim, saber se aquele tipo corresponde às expectativas de consumo. Certamente devemos consumir com muito cuidado e moderação, pois várias versões têm não apenas o sabor, mas a composição equivalente a uma guloseima.

Por fim, vale lembrar que muitos estudos apontam que o consumo excessivo de adoçantes sintéticos, presentes nos refrigerantes diet, aumenta os riscos de disfunções metabólicas. Além do desenvolvimento de doenças como diabetes do tipo 2 e cardiovasculares. Então, devemos consumir ocasionalmente.

Fonte: Dra. Marcella Garcez – Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR. Além de Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná. Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez