O refrigerante é uma bebida muito popular na hora das refeições, principalmente entre crianças e adolescentes devido ao seu agradável sabor açucarado. E, com a quarentena pela qual estamos passando devido à pandemia do novo coronavírus, é natural que o consumo dessa bebida aumente, afinal, estamos passando mais tempo em casa. Mas é preciso consumir esse produto com moderação, pois, apesar de parecer inofensivo, o refrigerante pode causar sérios danos à saúde. “O refrigerante não possui nenhum valor nutricional positivo, sendo extremamente prejudicial ao organismo, já que pode favorecer o aparecimento de problemas como obesidade, diabetes, câncer, osteoporose, hipertensão e derrame. Isso porque, além de não ter nenhum nutriente essencial, o produto é rico em sódio, açúcar, aditivos químicos e as versões regulares possuem ainda alto valor calórico”, afirma a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e professora da Associação Brasileira de Nutrologia.
Um estudo publicado em setembro do ano passado no JAMA Internal Medicine que incluiu mais de 400.000 indivíduos de 10 países, apontou que o consumo de apenas dois copos de refrigerante por dia é suficiente para aumentar o risco de morte por diferentes causas. De acordo com a Dra. Marcella, o principal problema dos refrigerantes está na alta concentração de açúcar em sua composição, que pode causar problemas obesidade e diabetes. “Além de ser um grande vilão para o aumento do colesterol, o açúcar pode favorecer o aparecimento de problemas cardiovasculares, causando, por exemplo, o espessamento e o acúmulo de placas de gordura dentro da parede das artérias, com consequente obstrução desses vasos. Dependendo da artéria afetada, tal quadro pode levar ainda a incidência de infarto e derrame”, alerta a cirurgiã vascular e angiologista Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e do American College of LifeStyle Medicine. Segundo o estudo supracitado, o consumo de 500ml diários de refrigerante foi associado a um aumento de 27% no risco de doenças circulatórias. “O consumo elevado de refrigerante pode causar ainda um problema de claudicação, que é quando você vai caminhar e tem dificuldade de andar porque falta sangue nas pernas. É como parar a cada quadra de caminhada para descansar devido a dor na perna a descansar porque a perna começa a doer”, afirma a médica.
Porém, a principal consequência apontada pelo estudo com relação ao consumo de refrigerantes adoçados com açúcar foi o desenvolvimento de doenças do sistema digestivo, que aumentaram em 59%. Mas não é só isso. O alto consumo de refrigerante ainda pode afetar a aparência e saúde da pele devido as altas concentrações de açúcar no produto. “O açúcar está diretamente ligado ao envelhecimento da pele, pois causa um processo conhecido como glicação, no qual a molécula de açúcar se liga as fibras de colágeno e elastina, endurecendo-as. Como resultado, a pele torna-se flacidez e surgem os sinais do envelhecimento, como rugas e linhas de expressão”, explica o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
Isso não quer dizer, porém, que os refrigerantes diets e lights estão liberados. Na verdade, esses produtos também são prejudiciais para a saúde, já que são formulados com grande quantidade de sódio para mascarar o sabor ruim do adoçante usado para substituir o açúcar. “Basta observar o rótulo e você perceberá que todo produto que se diz light, diet ou zero, ou seja, que contém adoçante no lugar do açúcar, possui maior concentração de sódio quando comparado à versão normal do produto. E o sódio, assim como o açúcar, é um grande vilão para a saúde do organismo, já que contribui para o aumento de pressão arterial e da retenção hídrica, favorecendo, consequentemente, o aparecimento de doença aterosclerótica e outros problemas circulatórios, incluindo a formação de coágulos”, afirma a Dra. Marcella. Para efeito de comparação, é interessante notar que, segundo a pesquisa citada acima, o consumo de refrigerante diet, quando consumido na mesma quantidade que a versão adoçada com açúcar, apresentou risco 25% maior de causar doenças cardiovasculares.
Ainda de acordo com o estudo publicado no ano passado, o consumo total de refrigerantes foi associado a um aumento de 59% no risco do desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como o mal de Parkinson, e de 25% na incidência de câncer colorretal. A Dra. Marcella ressalta então que, para prevenir o surgimento de tais doenças, principalmente entre a população mais jovem, é fundamental a criação de políticas públicas que orientem a população a limitar o consumo de refrigerantes. “A ingestão da bebida deve ser desencorajada para que seja possível uma melhora nos hábitos alimentares da população. No lugar do refrigerante, o ideal é optarmos pelo consumo de água, além de chás e sucos feitos a partir de frutas frescas. É interessante aproveitar esse momento de isolamento social para diminuir o consumo dos refrigerantes. É um bom momento para começar a ter um estilo de vida mais saudável. Mas para quem tem muita dificuldade em abandonar a bebida açucarada, vale a pena buscar a ajuda de um médico nutrólogo, mesmo que por atendimento on-line, que poderá te ajudar a eliminar gradualmente o consumo de refrigerante de sua dieta”, finaliza.