Às vezes, não é tão óbvio se um determinado alimento deve ser armazenado na geladeira ou não. Isso porque grande parte dos alimentos são provenientes de diferentes órgãos das plantas, tais como: folhas (alface, escarola, couve, acelga, agrião); raízes e tubérculos (cenoura, mandioca, batata, inhame) etc. Todos esses produtos são comercializados em feiras livres em condições ambientais, entretanto, ao chegar à residência do consumidor, alguns são armazenados sob refrigeração e outros são em condições ambientais.
A razão está no metabolismo de cada produto, e não há regra geral. Por exemplo: aspargos e aipo; embora ambos sejam hastes, aspargos são mais perecíveis do que o aipo. A Dra. e professora de Engenharia de Alimentos do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Cynthia Jurkiewicz Kunigk, explica que, após a colheita dos produtos, as reações bioquímicas continuam a acontecer, com maior ou menor velocidade, dependendo da planta e da parte colhida. Quanto maior a velocidade, menor será a durabilidade do produto.
“Portanto, é fundamental que, após a colheita, cheguem o mais rápido possível aos pontos de venda e ao local de consumo. Se esses produtos não tiverem sido adequadamente manejados após a colheita, chegarão ao ponto de venda em condições inaceitáveis ao consumidor e entrarão nas estatísticas de desperdício. É relevante mencionar que a ideia da venda de produtos frescos pressupõe a exposição à venda por tempo curto, e é por essa razão que são dispostos em temperatura ambiente. Entretanto, como a redução da temperatura diminui a velocidade com que as reações ocorrem, devem ser armazenados sob refrigeração assim que chegarem à residência do consumidor”, reforça a engenheira.
Da mesma forma, produtos como as folhas e o rabanete também devem ser armazenados sob refrigeração. As sementes, por serem perpetuadoras da espécie, são naturalmente mais resistentes. Normalmente apresentam teor baixo de umidade e duram um tempo bem grande (meses) em temperatura ambiente. Já o feijão, em decorrência de processos enzimáticos, vai endurecendo ao longo do tempo de armazenamento. Em temperatura de refrigeração, há um retardamento dessas reações, o que preserva suas características por um tempo maior.
Quanto ao tomate, estudos indicam que a redução da temperatura (12 °C) aumenta a durabilidade do produto. Temperaturas muito baixas (5 °C), porém, podem induzir à injúria pelo frio. Quanto à mandioca, é classificada como produto de alta perecibilidade, e deve ser consumida em poucos dias após a colheita. Essa deterioração acontece na microbiana da mandioca, que causa apodrecimento das raízes.
“Por isso, após adquirida, a mandioca deve ser rapidamente cortada, descascada e muito bem lavada. Raízes azuladas não devem ser aproveitadas. Para conservar por mais tempo, pode-se congelar o produto já limpo e cortado. Estudos indicam, entretanto, que há alteração da textura após 14 dias de armazenamento a -18 °C”, explica a professora Cynthia. Uma outra dúvida bastante pertinente entre os consumidores é acerca do ovo.
“Ovos deteriorados podem apresentar manchas pretas internamente, verdes, vermelhas ou rosa, além de um odor extremamente desagradável, devido à formação de composto que contém enxofre. Em temperaturas de refrigeração, a velocidade de crescimento dos micro-organismos na superfície da casca é menor, portanto, comparado com o armazenamento em temperatura ambiente, menos micro-organismos vão ultrapassar a barreira da casca. Assim, com o ovo armazenado na geladeira, o tempo de validade será maior”, finaliza.
Fonte: assessoria de imprensa