As suas dores de cabeça constantes podem ser falta de peixes no prato. Isso é o que conclui um estudo do periódico The British Medical Journal, publicado no começo de julho. Assim, o estudo avalia que comer uma dieta rica em ácidos graxos ômega-3 reduz a frequência de dores de cabeça.
Além disso, a pesquisa cita que as dietas industrializadas modernas tendem a ser pobres em ômega-3 e ricas em ácidos graxos ômega-6. Esses ácidos graxos são precursores das oxilipinas – moléculas envolvidas na regulação da dor e da inflamação. “As oxilipinas derivadas de ácidos graxos ômega-3 estão associadas a efeitos de redução da dor, enquanto as oxilipinas derivadas de ácidos graxos ômega-6 pioram a dor e podem provocar enxaqueca”, destaca o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA).
É importante destacar, no entanto, que a causa da enxaqueca pode ser multifatorial. “A origem exata da dor de cabeça ainda está para ser melhor esclarecida na medicina, mas podemos, com alguma certeza, apontar que neurônios sensitivos em alguns locais do cérebro estão mais ‘abertos’ aos estímulos, ficando muito ativos e gerando um processo neuroinflamatório que culmina na dor de cabeça. Não acredito que isto, por si só, explique todos os tipos de dores de cabeça que podemos ter, mas esta hipótese nos ajuda a guiar o tratamento do paciente da melhor forma. Fica um pouco mais fácil entender o motivo do estresse gerar dor, assim como muita luz, barulhos intensos, cheiros muito fortes e até alimentos”, acrescenta o médico.
Nesse sentido, os peixes gordurosos, como salmão, truta, sardinha, atum, arenque e cabala, aportam gorduras essenciais, como o ômega-3 que o corpo não consegue produzir sozinho e protegem a estrutura da membrana celular e os neurônios. Nozes, semente de chia e linhaça são opções veganas de alimentos que contam com ômega-3.
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Portanto, no estudo, uma equipe de pesquisadores quis descobrir se as dietas ricas em ômega-3 aumentariam os níveis do ácido 17-hidroxidocosahexaenóico (17-HDHA), que reduz a dor, e reduziria a frequência e a gravidade das dores de cabeça. Seus resultados são baseados em 182 pacientes da Universidade da Carolina do Norte, EUA (88% mulheres; idade média de 38 anos) com enxaqueca em 5 a 20 dias por mês que foram aleatoriamente designados para uma das três dietas por 16 semanas.
A dieta controle incluiu níveis típicos de ácidos graxos ômega-3 e ômega-6. Ambas as dietas intervencionistas aumentaram a ingestão de ácidos graxos ômega-3. Um manteve a ingestão de ácido ômega-6 igual à dieta controle, e o outro reduziu simultaneamente a ingestão de ácido ômega-6. Durante o ensaio, os participantes receberam aconselhamento dietético regular e acesso a informações de suporte online.
Houve a avaliação da frequência da cefaleia diariamente por meio de um diário eletrônico. “Ao longo das 16 semanas, ambas as dietas de intervenção aumentaram os níveis de 17-HDHA em comparação com a dieta de controle”, diz o Dr. Gabriel. “Isso significa que aumentar o consumo de ômega-3 pode ser benéfico para diminuir a frequência das dores de cabeça, segundo o estudo”, acrescenta o neuro-oncologista.
Segundo o estudo, associamos a dieta rica em ômega-3 de uma redução de 1,3 horas de dor de cabeça por dia e dois dias de dor de cabeça por mês. O grupo de dieta com alto ômega-3 e baixo ômega-6 viu uma redução de 1,7 horas de dor de cabeça por dia e quatro dias de dor de cabeça por mês, sugerindo benefício adicional da redução do ácido graxo ômega-6 na dieta.
“As dores de cabeça também foram mais curtas e menos graves”, explica Dr. Gabriel. Embora a mudança nas dietas não tenha melhorado significativamente a qualidade de vida segundo o estudo, ela produziu grandes e robustas reduções na frequência e severidade das dores de cabeça em relação à dieta de controle. “Este estudo fornece uma demonstração biologicamente plausível de que podemos tratar a dor também por meio de alterações dietéticas direcionadas em humanos”, afirma.
Apesar da interpretação dos resultados deste estudo ser complexa, ensaios de medicamentos recentemente aprovados para a prevenção da enxaqueca relataram reduções de cerca de 2 a 2,5 dias de dor de cabeça por mês em comparação com o placebo. “Comparativamente, a intervenção dietética pode ser tão ou mais eficaz, podendo ser um adicional ao tratamento convencional”, diz o Dr. Gabriel. “Essas descobertas mostram que a ciência está muito próxima de encontrar uma dieta para enxaqueca apoiada por resultados de ensaios clínicos robustos”, finaliza.
Fonte: assessoria de imprensa