47% dos colaboradores comem mais quando estão ansiosos, tristes ou com raiva, sendo que 55% desse público são mulheres. Os dados são do “Nutrômetro”, estudo da Vidalink, empresa de plano de bem-estar corporativo. Assim, buscou mapear os principais desafios em bem-estar nos hábitos alimentares de mais de 4,4 mil profissionais durante o segundo semestre de 2023. Então, segundo Clarissa Fuijwara, nutricionista consultada para o desenvolvimento do estudo, a fome emocional é um dos principais indicativos do impacto negativo do ambiente de trabalho no bem-estar do time.
Fome emocional
“A fome emocional difere da fome física uma vez que não se manifesta para atender às necessidades de energia e nutrientes do organismo. Porém costuma ocorrer a partir de gatilhos emocionais, em geral, por sentimentos e sensações desconfortáveis como ansiedade, frustração, raiva, tristeza, solidão e tédio, por exemplo”. Nesse sentido, diante da fome emocional, a tendência é a busca por alimentos que combinem elevado teor de açúcares e/ou gorduras OU gorduras e/ou sódio. Assim, como grande parte dos alimentos ultraprocessados convenientemente oferecem, por serem combinações que geram sensação de recompensa momentânea”, explica Clarissa.
A especialista também explica que a predominância de casos em mulheres pode ser explicada por diversos fatores: maior prevalência de transtornos alimentares como a compulsão alimentar, pressão social em relação à imagem corporal e oscilações de humor durante o período da TPM. “Por outro lado, as mulheres tendem a procurar por mais ajuda por meio de serviços de cuidados com a saúde, em comparação com os homens que reprimem suas emoções”, complementa.
Saúde mental
Segundo Luis González, CEO e cofundador da Vidalink, o ambiente de trabalho pode ser um dos principais catalisadores da fome emocional: “A saúde mental está diretamente ligada aos demais pilares de bem-estar, como a alimentação. Um ambiente de trabalho com time sobrecarregado, prazos apertados e falta de pausas ao longo do dia também leva a casos de privação de sono, fadiga e estresse que refletem no comportamento alimentar”, diz o executivo. Uma alimentação inadequada pode reduzir em até 20% a eficiência de nossos colaboradores, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A pesquisa também aponta a dispersão do momento de refeição do colaborador: 50% das pessoas têm o hábito de comer distraídas, 37% fazem suas refeições usando computador, tablet ou assistindo TV e 13% fazem suas refeições escutando música, noticiário ou podcasts. Segundo estudo da Universidade de Bristol, publicado no The American Journal of Clinical Nutrition, comer de forma distraída pode comprometer a digestão, afetando a absorção de nutrientes essenciais, além de aumentar o ganho de peso ao ignorar os sinais naturais de saciedade.
Os dados do Nutrômetro evidenciam hábitos alimentares dos colaboradores que contrariam as recomendações da Organização Mundial da Saúde para uma alimentação saudável:
1/3 dos profissionais bebem menos de 1 litro de água por dia, em contraposição à recomendação de consumo médio de 2 litros de água por dia para adultos;
37% dos entrevistados não consomem frutas nenhuma vez ao dia;
79% dos brasileiros consomem frituras 1 ou mais vezes por semana;
73% consomem carne processada 1 ou mais vezes por semana;
47% consomem doces mais de 3 vezes por semana;
36% dos brasileiros consomem refrigerantes 2 ou mais vezes por semana;
30% consomem sucos industrializados 2 ou mais vezes por semana.
Como as empresas podem ajudar no bem-estar dos colaboradores?
Embora o cuidado com o bem-estar deva ser pensado integralmente, indo além do ambiente de trabalho, Luis González destaca o papel das empresas na qualidade de vida dos seus colaboradores. “Uma cultura organizacional que valorize o bem-estar e incentive o autocuidado faz toda a diferença para a mudança nos hábitos dos indivíduos. Além disso, a questão financeira ainda é o principal entrave para o cuidado com a saúde. É por isso que os programas de benefícios precisam oferecer os recursos necessários para que os profissionais possam se cuidar em diversos sentidos: alimentação saudável, acompanhamento psicológico, realização de atividades físicas, subsídio de medicamentos e até mesmo treinamentos de desenvolvimento pessoal e profissional”, afirma González.
Luis González também alerta sobre como a liderança tóxica precisa ser prevenida para a concretização da cultura de bem-estar: “Incentivar uma boa alimentação não funcionará em um cenário no qual o colaborador está passando por constantes pressões de produtividade e até mesmo assédio moral, desencadeando a fome emocional. Todas as lideranças precisam aderir aos valores da jornada de cuidado no dia a dia”, ressalta o CEO.
Clarissa Fuijwara lista seis medidas para promover mais bem-estar no ambiente de trabalho:
Incentivar pausas regulares durante o trabalho;
Proporcionar ambientes adequados para realizar as refeições com atenção plena;
Oferecer opções de alimentos e bebidas mais saudáveis no local de trabalho (disponíveis na copa, em carrinhos de lanches e vending machines, por exemplo);
Respeitar os horários de expediente de trabalho de colaboradores;
Realizar ações de educação nutricional;
Oferecer apoio ao colaborador para obter um plano alimentar adequado às suas condições de saúde e aos seus objetivos.
Fonte: assessoria de imprensa