Gases e desconforto após comer? Saiba como lidar com a Síndrome do Intestino Irritável

Gases, desconforto, distensão abdominal e, em alguns casos, diarreia ou constipação… Se esses sintomas são familiares para você, surgindo principalmente após uma refeição, talvez você sofra com a chamada Síndrome do Intestino Irritável (SII) ou Síndrome do Cólon Irritável.

Síndrome do Intestino Irritável

Trata-se de um distúrbio na motilidade intestinal, sem associação com alterações de estruturas do trato digestório, nem disfunções bioquímicas. Geralmente se caracteriza por episódios de desconforto, dor e distensão abdominal, que podem ter acompanhamento de diarreia e constipação.

Podendo ser confundida com algumas doenças mais graves, a SII tem diagnóstico essencialmente clínico. Assim, geralmente baseado nos sintomas, na ausência de sinais relevantes verificados no exame físico e, se necessário, na visualização direta do intestino através da colonoscopia.

Fatores

Entre os fatores desencadeantes da condição está o estresse, que tem aumentado muito atualmente, motivo pela qual a síndrome vem sendo cada vez mais falada. Mas doenças psiquiátricas como depressão e ansiedade também são gatilhos de crises. Assim como hábitos alimentares como o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados e pró-inflamatórios. Assim, aliados a um estilo de vida inadequado com má qualidade de sono e sedentarismo.

E o pior é que a Síndrome do Intestino Irritável pode exigir que os portadores adotem restrições severas na dieta, que deve ser baixa em FODMAP (Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides and Polyols). Essa sigla designa os chamados carboidratos osmóticos, geralmente fibras, que podem ser de difícil digestão para algumas pessoas.

Evitar estes alimentos

Dessa forma, os portadores da condição devem evitar alimentos como xarope de milho, mel, maçã, pera, manga, aspargos, cereja, melancia, sucos de frutas, leite de vaca, leite de cabra, leite de ovelha, iogurte, nata, creme, queijo ricota e cottage, cebola, alho, alho-poró, trigo, cuscuz, farinha, massa, centeio, caqui, melancia, chicória, alcachofra, beterraba, aspargos, cenoura, quiabo, couve, lentilhas, grãos de bico, feijão, ervilha, soja, damasco, pêssego, ameixa, lichia, couve-flor e cogumelos.

Mas vale ressaltar que a dieta baixa em FODMAP é prescrita temporariamente, até que os alimentos gatilhos sejam identificados. Como o aporte de prebióticos dessa dieta é baixo, pode levar a quadros de constipação e disbiose se for mantida por muito tempo. E, por ser uma dieta que oferece riscos, deve obrigatoriamente ter orientação profissional

Então, se os sintomas forem muito prevalentes, esse paciente deve procurar atendimento médico. Nesse sentido, para descartar outras patologias, identificar os gatilhos, reorganizar a dieta e o estilo de vida. Além do tratamento clínico com reeducação alimentar e mudanças de estilo de vida, pode ser necessário o uso de medicamentos para controlar os sintomas. E os tratamentos com probióticos suplementares específicos e individualizados também podem ajudar.

Por fim, é importante dizer que não há uma receita para o público em geral, porque os alimentos que causam desconforto digestivo para alguns portadores de Síndrome do Intestino Irritável podem não causar em outros pacientes. Porém, adotar uma dieta equilibrada, variada e o mais natural possível, aliada à boa ingestão de água e estilo de vida saudável, é uma boa dica para qualquer pessoa.

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez