Com uma incidência crescente a partir dos 50 anos, o tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso, também chamado de cólon, ou no reto. Vale lembrar ainda que o principal tipo é o adenocarcinoma e, em cerca de 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, tornando-se malignos. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), é estimado que no triênio 2023-2025 haja 45.630 casos da doença em homens e mulheres a cada ano.
“Apesar de a doença muitas vezes ser silenciosa, o paciente deve observar se há alterações do hábito intestinal. tais como constipação, diarréia, afilamento das fezes, ausência da sensação de alívio após a evacuação (Como se uma parte do conteúdo fecal permanecesse no organismo). Além de massas palpáveis no abdome, sangue nas fezes, dores abdominais, perda de peso sem motivo aparente, fraqueza e sensação de fadiga”, explica Artur Ferreira, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Entre os fatores de risco destacam-se: consumo de dietas ricas em alimentos ultra processados e pobres em vegetais, alto consumo de carnes vermelhas, sobrepeso e obesidade, inatividade física, tabagismo e a presença de doenças inflamatórias intestinais como a retocolite ulcerativa. Fatores hereditários também são importantes, mas o especialista ressalta que eles exercem menor influência no surgimento do tumor colorretal do que as causas listadas.
Em boa parte dos casos, felizmente o câncer colorretal é curável. No entanto, é essencial que o diagnóstico aconteça precocemente, aumentando assim o sucesso do tratamento.
Por isso, é importante o rastreamento precoce, quando adequadamente indicado, para que o tumor seja identificado em sua fase inicial. “Diferentemente do câncer de mama, por exemplo, onde a doença é identificada com os exames de rotina geralmente em fase inicial, já instalado, o tumor colorretal pode ser descoberto em sua fase pré-cancerosa com a colonoscopia. Uma vez diagnosticado, a equipe multidisciplinar irá avaliar cada caso individualmente, selecionando as estratégias e opções mais adequadas a cada paciente”, comenta o oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Os tratamentos para a neoplasia colorretal podem ser agrupados em dois tipos:
Tratamentos locais (cirurgia, radioterapia, embolização e ablação): agem diretamente no tumor, sem afetar o restante do corpo. Podem ser realizados nos estadios iniciais da doença ou ainda em metástases isoladas
Tratamentos sistêmicos (quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo): neste grupo, incluímos as drogas orais (comprimidos) ou endovenosas (na veia), aplicando diretamente na corrente sanguínea. Agem de maneira global no organismo e podem ser indicadas tanto com o objetivo curativo quanto paliativo.
Embora seja bastante prevalente, o câncer colorretal ainda é motivo de muitas dúvidas que acabam criando crenças que não correspondem à realidade sobre a doença e podem inclusive atrapalhar o diagnóstico e manejo. A seguir, o Dr. Artur Ferreira esclarece os dez principais mitos e verdades sobre a doença:
Todas as pessoas que têm câncer colorretal precisam usar bolsa de colostomia.
MITO. A colostomia (situação em que o intestino se exterioriza através de um orificio na parede do abdome para a eliminação das fezes) é uma estratégia utilizada apenas em alguns casos de câncer colorretal – por exemplo: após urgências médicas, como obstruções ou perfurações intestinais, cirurgias de emergência ou tumores localizados no canal anal ou na parte mais baixa do reto.
Com a evolução das técnicas cirúrgicas e a otimização dos cuidados ao paciente, a probabilidade de uma pessoa necessitar de colostomia reduziu drasticamente.
Quando necessário, o procedimento é realizado com o intuito de permitir a eliminação das fezes para uma bolsa coletora de forma temporária ou permanente, a depender do caso.
Indica-se a colostomia temporária quando a doença que acomete o cólon pode ser tratada. Além de haver a expectativa de reconstrução do trânsito intestinal em um futuro próximo. Já, realiza-se a colostomia definitiva quando o problema que bloqueia o trajeto intestinal não pode-se corrigir ou quando o tratamento cirúrgico envolve a remoção do ânus ou porção final do reto, tornando inviável a reconstrução do trânsito intestinal.
Quem tem intestino preso tem mais risco de desenvolver câncer colorretal.
DEPENDE. Em teoria, pode-se observar um risco aumentado do câncer colorretal em pacientes com intestino preso (constipação), pois tempos prolongados de trânsito do intestino podem aumentar o tempo de exposição da parede intestinal às substâncias que estimulam o surgimento do câncer presentes nas fezes (carcinógenos).
Além disso, a constipação altera a flora bacteriana local, e pesquisas recentes sugerem que infecções intestinais por bactérias específicas podem aumentar o risco de tumores colorretais.
Porém, deve ficar claro que intestino preso não é um fator clássico de risco e os resultados acerca desta relação são conflitantes. Merecem mais importância, neste contexto: idade, obesidade, sedentarismo, dietas ricas em carne vermelha e pobres em vegetais/fibras, diabetes e tabagismo.
Homens estão mais propensos a ter câncer colorretal.
VERDADE. A diferença não é tão grande (por isso não motiva diferenças nas diretrizes de rastreamento da doença de acordo com o sexo), mas existe. Em termos absolutos e em nível mundial, indivíduos do sexo masculino são mais propensos a ter câncer colorretal. A estimativa mundial para o ano de 2020 apontou cerca de 1,9 milhão de novos casos, cerca de 1,1 milhão de casos novos em homens e 800 mil casos novos em mulheres.
Se um pólipo for detectado, é certeza de que o câncer logo aparecerá.
MITO. É fato que a maioria dos tumores colorretais surge a partir da transformação maligna de pólipos intestinais. Porém, apenas uma pequena parcela desses pólipos progredirá para tumores. Por esse motivo, quando um pólipo é detectado no exame de colonoscopia, deve-se remover e analisar por um patologista.
Comer carne vermelha e carne processada em excesso pode levar ao câncer colorretal.
VERDADE. Dietas ricas em carne vermelha e em carnes processadas estão associadas a um maior risco de surgimento do câncer colorretal. Assim, conforme ratificado em relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2015. Em números, entende-se por consumo excessivo desses tipos de alimentos o que passe de 100 gramas por dia de carne vermelha e de 50 gramas por dia de carne processada. O ideal é que haja o limite no máximo do consumo desse tipo de alimento a duas vezes por semana. Assim, nas outras refeições, a substituição por carnes brancas, ovos, derivados de soja e outras fontes de proteína.
O câncer colorretal sempre apresenta sintomas – logo, se não houver dor na região, não é necessário se preocupar.
MITO. Isso é válido não apenas para os tumores colorretais. Mas também para todos os tipos de tumores de forma geral: a ausência de sintomas não significa ausência de doença. Inclusive é importante destacar que nas fases iniciais, os tumores não costumam gerar sintomas. Quando aparecem, podem parecer um mal-estar passageiro, como uma dor abdominal inespecífica, perda de peso sem motivo aparente ou alguma mudança no padrão de evacuação. Por isso, é importante estar atento aos check-ups de rotina e respeitar as indicações de rastreamento orientadas pela equipe médica.
Algumas doenças inflamatórias podem aumentar o risco de câncer colorretal.
VERDADE. Entre os fatores relacionados ao surgimento de tumores colorretais, as doenças inflamatórias intestinais são causas bem conhecidas e associadas ao aumento do risco. Nos casos de retocolite grave e extensa, por exemplo, o risco de desenvolvimento de câncer colorretal pode ser 5 a 15 vezes maior em relação à população geral.
É possível prevenir sempre.
MITO. Dentre os fatores de risco do câncer colorretal, como dito anteriormente, é possível observar uma relação com os hábitos alimentares e de vida, além de condições prévias de saúde. Como forma de prevenção, o oncologista reforça que é necessário seguir algumas orientações.
Deve-se investir em uma dieta rica em fibras e uma menor ingesta de carnes vermelhas e processadas. Além disso, praticar atividades físicas, evitar bebidas alcoólicas e tabagismo e, manter ativo fisicamente e com peso adequado. Além disso, é importante investigar se o paciente possui doenças inflamatórias intestinais crônicas, como a doença de Crohn ou colite ulcerativa e, se presentes tratá-las. A observação de todos esses pontos certamente reduz em muito o risco, porém não o elimina por completo
Artur Ferreira
Fonte: assessoria de imprensa