Dieta oferece plena segurança na alimentação infantil, quando supervisionada por profissionais de nutrição
A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) emitiu hoje um posicionamento técnico que reforça a segurança na adoção do vegetarianismo, inclusive estrito, como prática saudável para a dieta de crianças. O vegetarianismo estrito é um modelo alimentar que elimina o consumo de quaisquer derivados animais, como carnes, ovos e laticínios. A SVB reafirma que a prática é completamente segura e deve ser sempre acompanhada por um profissional de nutrição, como qualquer prática nutricional onívora.
O documento, que está disponível no site da SVB, elaborado e assinado pelo Prof Dr Eric Slywitch, Médico (CRM/SP 105.231), Doutor e Mestre em Ciências da Nutrição (UNIFESP/EPM), Especialista em Nutrologia (RQE 30781) e emitido em nome do Departamento técnico e diretivo coordenado pela Alessandra Luglio, Nutricionista (CRN 3 6893), Coordenadora do Departamento de Saúde e Nutrição da SVB sob presidência de Ricardo Laurino.
O Dr Eric Slywitch, explica que a insegurança na recomendação do vegetarianismo ocorre simplesmente pelo fato de os estudos de revisão reunirem, sem diferenciação, os trabalhos com dieta bem e mal planejada. “Esse cenário faz com que alguns autores cheguem a resultados contraditórios sobre a sua segurança. O Presidente da SVB, Ricardo Laurino destaca que “o objetivo com o documento é reunir informações com base técnica e científica para combater a desinformação e o surgimento de mitos relacionados à dieta vegetariana”, observa.
O conteúdo destaca a importância do planejamento alimentar em qualquer tipo de dieta, inclusive onívora (que consomem carnes e derivados de animais). Revela ainda que a prática do vegetarianismo na infância é endossada por entidades internacionais como a Academia de Nutrição e Dietética Americana, Sociedade Canadense de Pediatria e Sociedade Italiana de Nutrição Humana.
“Os estudos com alimentação planejada mostram crescimento e desenvolvimento adequado das crianças vegetarianas e veganas, sem redução da velocidade de crescimento quando comparadas às onívoras, inclusive com excelente quociente de inteligência – que excedeu em um ano a média cronológica”, observa o médico nutrólogo, Dr. Eric Slywitch. Ele lembra que os problemas apontados por estudos em relação à adoção do vegetarianismo na infância não estavam relacionados à exclusão de carne ou laticínios, mas sim por falhas alimentares na estruturação da dieta, não configurando o sistema alimentar vegetariano planejado.
Falta de planejamento
“Em diversos casos, as publicações confundiram vegetarianos com macrobióticos, sistema alimentar que não é necessariamente vegetariano e que tende a apresentar menor densidade energética e maior monotonia alimentar, favorecendo baixa ingestão energética e consequentemente proteica, para crianças com quadros de seletividade alimentar”, acrescenta o Dr Eric Slywitch.
Com base na literatura científica disponível, e analisando os erros alimentares ocorridos em publicações sobre o tema, a SVB enumerou os cuidados que devem ser adotados na condução da criança vegetariana e que também estão apresentados de maneira mais detalhada site:
1) Não substituir o leite materno por leites vegetais caseiros; 2) Não suspender o aleitamento materno antes dos 6 meses de vida; 3) Não manter a amamentação exclusiva por tempo prolongado; 4) Não restringir em demasiado a ingestão de gordura de boa qualidade; 5) Priorizar o consumo de cereais, leguminosas e gorduras saudáveis ao invés de verduras e legumes; 6) Não negligenciar o uso da vitamina B12; 7) Atentar às necessidades de cálcio e zinco do bebê; 8) Atentar às necessidades dos demais nutrientes que o onívoro precisa suplementar;
Vitaminas e suplementação
A SVB orienta que não deve haver restrição de alimentos fonte de gorduras de melhor qualidade (ômega-3, 6 e 9, mas com menor quantidade de ômega-6) na dieta infantil até dois anos de idade, visando otimizar o aporte energético e oferta de ácidos graxos essenciais. Deve haver sempre a oferta de ômega-3 (linhaça, chia, nozes) ou o uso de DHA oriundo de algas, produto já disponível no mercado brasileiro. As proporções de gordura na dieta devem ser orientadas por nutricionista ou pelo pediatra durante a prática da puericultura.
Sobre a questão da Vitamina B12, embora sua deficiência seja quase equivalente em populações vegetarianas e onívoras, é preciso dedicar maior atenção a grupos vegetarianos. “É preciso lembrar que existem diversos relatos de casos de mães vegetarianas que não a suplementavam na gestação e não a ofereceram ao bebê durante seu crescimento e desenvolvimento, ocasionando inclusive danos neurológicos (nem sempre reversíveis)”, lembra Dr Eric Slywitch.
Portanto, a SVB recomenda que a vitamina B12 seja sempre prescrita às crianças nas doses iguais ou maiores às preconizadas na Ingestão Dietética de Referência (Dietary Reference Intakes – DRIs), de acordo com a avaliação pediátrica da mãe e do bebê desde o início da introdução alimentar.
Fonte: assessoria de imprensa