A alimentação tem influência direta na nossa saúde e pode afetar órgãos vitais, como o cérebro. Afinal, uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes essenciais é crucial para a saúde deste órgão. Nesse sentido, determinados alimentos podem ajudar a prevenir ou reduzir problemas de memória.
“Determinados alimentos são de extrema importância para o desenvolvimento da memória e a prevenção do desgaste dela, impedindo o esquecimento”.
Médica Márcia Simões.
Hábitos alimentares x função cognitiva
Assim, de acordo com o nutricionista Lucas de Albú, existe uma relação direta entre hábitos alimentares x função cognitiva, e há alimentos que ajudam a nos manter mais concentrados, melhorar a memória e prevenir diversos distúrbios neurológicos.
De acordo com Lucas, o cérebro necessita de nutrientes para sua formação, e manutenção das funções, e há nutrientes específicos para cumprir diferentes papéis dentro da estrutura do cérebro. Importante lembrar que, não há conclusões científicas que determinados alimentos isolados melhoram a memória, foco ou concentração. A principal recomendação nutricional é ter um padrão alimentar saudável todos os dias, e manter uma alimentação equilibrada e variada.
Estudo
Um estudo mostrou que pessoas que seguem uma dieta que inclui pelo menos meia porção por dia de alimentos ricos em flavonoides, compostos naturais antioxidantes e anti-inflamatórios encontrados em alimentos in natura coloridos, como morangos, laranjas, pimentões e maçãs, podem ter um risco 20% menor de declínio cognitivo. A pesquisa foi publicada na edição online no final de julho de 2021 da Neurology, a revista médica da American Academy of Neurology, e avaliou mais de 65 mil pessoas com um acompanhamento de 20 anos.
“Muitos alimentos têm ação de proteção neuronal e nootrópicas. Sempre que possível devemos incluir esse tipo de alimento na rotina. Ainda mais quando existe histórico familiar de declínios cognitivos e/ou síndromes demenciais associados a idades”, explica o médico geriatra Dr. Juliano Burckhardt, Médico Geriatra e Nutrólogo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Alimentos
Segundo a Dra Marcella Garcez, Médica Nutróloga e Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, as frutas com antioxidantes, como a laranja, que tem vitamina C, e a uva, que tem resveratrol, protegem os neurônios dos danos oxidativos dos radicais livres, o que também é importante nesse padrão alimentar.
“Os ovos, ricos em colina presente nas gemas, também fazem parte da dieta. Afinal, o nutriente é necessário à transmissão nervosa e à memória. Porém, já os laticínios, aveia, cereais integrais e leguminosas como feijão, lentilha e soja, são fontes de triptofano, aminoácido precursor da serotonina e da melatonina que desempenham importantes papeis no sistema nervoso, como a liberação de alguns hormônios, a regulação do sono, a temperatura corporal, o apetite, o humor, a atividade motora e as funções cognitivas”, completa a Dra. Marcella.
O tofu é um alimento proteico muito versátil, rico em cálcio e boa fonte de fósforo e magnésio. Há um benefício também para a função cerebral, já que as isoflavonas da soja, que são fitoestrógenos, ocupam receptores de estrogênios no cérebro, o que pode ter impactos positivos na memória e função cerebral.
Dra Marcella Garcez
A nutricionista Renata Furlan destaca os peixes como cavala, salmão, sardinha, atum e o bacalhau. Renata comenta que estes são alimentos que se destacam nutricionalmente quanto à quantidade e qualidade das suas proteínas, à presença de vitaminas e minerais e, principalmente, por ser fonte de ácidos graxos essenciais ômega-3, eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA). Assim, complementa que o consumo desses lipídios traz benefícios no desenvolvimento cognitivo, concentração e memória.
Os vegetais de cor verde escuro são ricos em vitamina A, que combatem a perda de memória, característica muito comum em pessoas com mais de 60 anos.
Nutricionista Hellen Araujo
Para a nutricionista Priscila Teles, os antioxidantes presentes no mirtilo (blueberries), estimulam o fluxo de sangue e oxigênio para o cérebro, mantendo a mente ativa. Nesse sentido, Estudos apontam para o aumento de concentração e memória por até 5 horas após a ingestão da fruta.
Alimentos Ultraprocessados aceleram o processo de oxidação do cérebro
O médico neurologista e neuro-oncologista Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA), comenta sobre as calorias. “Quanto mais calorias você ingerir, o que não é difícil através do consumo de alimentos ultraprocessados, maiores serão as chances de perda de memória”.
“A razão não é clara. Mas um maior IMC (índice de massa corporal) na meia-idade está relacionado a problemas de saúde do cérebro mais tarde na vida. Nesse sentido, como se não bastasse, os alimentos ultraprocessados, por serem mais inflamatórios, também aceleram o processo de oxidação do cérebro”, complementa.