Quem começa uma dieta tende a fazer algumas trocas para preservar algum ‘sabor’ mais palatável e familiar, mas ingerir menos calorias. E uma das mais comuns é a substituição do refrigerante comum por uma bebida zero ou diet ou ainda uma água gaseificada, adoçada e com um pouco de sabor. Mas a verdade é que essas opções, em vez de ajudar, podem atrapalhar o processo de emagrecimento. Isso porque o problema com refrigerantes regulares não são apenas as calorias.
Uma preocupação é que os refrigerantes diet adoçados artificialmente podem criar uma compulsão por alimentos doces e de alto teor calórico. Portanto, mesmo que a contagem de calorias diminua com os refrigerantes sem calorias, o consumo de açúcares em outros alimentos e bebidas pode aumentar ainda mais. Em estudos com roedores, descobriu-se que pelo menos um adoçante artificial (aspartame) pode ocasionar danos a uma parte do cérebro que identifica quando é o momento que se deve parar de comer. Já outro estudo em humanos descobriu uma tendência de ganho de peso entre pessoas que bebem bebidas adoçadas artificialmente.
Além disso, ainda existem outros problemas de saúde associados aos adoçantes artificiais, incluindo um possível aumento no risco de certos tipos de câncer, doenças cardiovasculares e problemas renais, apesar de que mais estudos ainda precisem provar essa evidência.
Em outro estudo, com humanos, 20 estudantes do sexo masculino consumiram cinco bebidas, uma em cada momento durante um período de um mês. As bebidas incluíam água, refrigerante normal, refrigerante zero, refrigerante diet ou água gaseificada. Logo depois, seus níveis de grelina no sangue foram medidos. A grelina é um hormônio produzido principalmente pelo estômago e intestino, que é responsável por estimular a sensação de fome quando o estômago está vazio.
Quando os alunos bebiam qualquer bebida carbonatada (refrigerante normal, zero, diet ou água com gás), os níveis de grelina aumentavam para níveis mais altos do que quando bebiam água natural. Embora este estudo não tenha avaliado a ingestão de alimentos ou alterações de peso dos alunos após beber diferentes tipos de bebidas, os níveis aumentados de grelina após o consumo de bebidas carbonatadas tornam plausível que essas bebidas possam causar fome, aumento do consumo de alimentos e ganho de peso. E isso é motivo de preocupação. Segundo os autores do estudo, as células do estômago que são sensíveis à pressão respondem ao dióxido de carbono nas bebidas carbonatadas, aumentando a produção de grelina.
O que resta, afinal, para beber diariamente? A resposta curta é fácil: água. Embora a água pura seja a melhor para a saúde, para muitos não é a escolha mais atraente. Variações de águas como a água com gás, as águas saborizadas, a água de coco e os chás, também valem. Sucos, cafés e outros líquidos, não adoçados com açúcar, podem ser também consumidos, mas com moderação. Se você preferir beber refrigerante todos os dias, faz sentido mudar de uma alternativa normal para uma alternativa sem calorias.
Uma bebida gaseificada de baixa caloria ainda pode ser uma escolha razoável, contanto que você fique de olho no resto de sua dieta e no seu peso. Outra forma de mudar os hábitos e diminuir o consumo é perceber qual momento você ingere mais refrigerante, buscando opções que podem ser mais vantajosas, por exemplo, comendo uma fruta como sobremesa, ou apostando em um chá.
O kombucha também é uma boa opção. A bebida de origem oriental é um chá fermentado com sabor ácido e adocicado, que parece um refrigerante natural, com vários sabores e que pode ser feito em casa a partir de uma cultura de micro-organismos com atividade probiótica, chamada “scoby” ou comprar as versões prontas, que cada vez são mais facilmente encontradas. A kombucha é uma ótima fonte de probióticos e como as outras fontes alimentares enriquecidas com probióticos, auxilia o sistema imunológico, melhora o funcionamento intestinal e melhora a absorção de nutrientes.
Dra Marcella Garcez é Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN.