A carne desempenha um papel importante na saúde já que é uma excelente fonte de proteína e contém minerais como zinco, selênio e ferro. Além disso, vitaminas do complexo B. O Brasil é o segundo maior produtor de proteína animal do mundo e o consumo de carne faz parte da cultura dos brasileiros. Mas, podemos comer carne vermelha todo dia?
Ingestão em excesso
De acordo com o professor Henrique Marques de Almeida Rolim, por mais que a carne seja um componente nutricional importante para o organismo, a ingestão em excesso pode ocasionar diversos problemas.
“Parar de comer carne tem suas vantagens e desvantagens. A carne é uma das principais fontes de proteínas, cálcio, vitamina B12, minerais extremamente importantes como o ferro e outros. Por exemplo, no caso do ferro, o chamado ferro heme (Fe 2+), também chamado de ferro ferroso ou orgânico, é encontrado apenas em alimentos de origem animal, como carnes, aves e frutos do mar, a partir da hemoglobina e da mioglobina provenientes desses produtos. Então, ao passar para uma dieta mais restrita, a pessoa precisa ter um acompanhamento nutricional para assim compensar esses nutrientes e fazer uma suplementação adequada.”
Nutricionista Fernanda Larralde
Vegetais na alimentação
As carnes processadas contêm altos níveis de sódio, conservantes e outros aditivos químicos, prejudiciais à saúde. Diandra Perez Moura, profissional da área de Nutrição do AmorSaúde, aponta que o excesso de carne vermelha, associado à baixa ingestão de frutas e vegetais, pode enfraquecer o organismo e o sistema imunológico.
Assim, priorizar os vegetais na alimentação ajuda a prevenir doenças crônicas, conforme explica o médico Alexandre Pimenta, Responsável Técnico do AmorSaúde. “Dietas à base de vegetais tendem a ser mais ricas em fibras, antioxidantes e fitonutrientes, que ajudam a regular o metabolismo da glicose e a reduzir a inflamação, contribuindo para a prevenção do diabetes tipo 2. Desta forma, a diminuição do consumo de carne não só melhora a saúde cardiovascular, mas também promove um melhor controle glicêmico”, atesta.
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Impacto positivo no meio ambiente
Se a diminuição da carne já contribui para a saúde dos seres humanos, essa atitude pode ser ainda mais benéfica para o meio ambiente.
A destruição de biomas e vegetação nativa está intimamente ligada à pecuária – atividade de criação de gado. Em 2022, 95,7% do desmatamento teve como principal mote a agropecuária, conforme indicam dados do Mapbiomas.
Já em relação à emissão de gases de efeito estufa (GEE), a pecuária foi responsável por 27% das emissões do país em 2020, sendo o segundo setor que mais emite gases danosos à camada de ozônio no país, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
A redução da carne na alimentação pode acarretar na transformação na cadeia consumidora do produto, diz o Dr. Alexandre. “Ao reduzir a demanda por carne, podemos diminuir a pressão sobre os ecossistemas, promovendo práticas agrícolas mais sustentáveis e preservando habitats naturais. Isso não só ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, mas também contribui para a conservação de recursos para as futuras gerações”, afirma o médico.
Segunda Sem Carne
A “Segunda Sem Carne”, uma iniciativa que busca impactos positivos, pode contribuir para um estilo de vida mais saudável e sustentável. Afinal, este movimento global encoraja as pessoas a reduzirem o consumo de carne, pelo menos um dia por semana.
“É importante abrir o leque alimentar e investir em leguminosas, como a soja, a lentilha, a ervilha e o grão-de-bico, que são úteis na tarefa de ingerir proteínas. Além disso, é importante incluir cereais integrais, hortaliças, cogumelos, algas e, claro, gorduras saudáveis como a do azeite de oliva, sementes e oleaginosas. E para facilitar a absorção do ferro contido nos legumes, a recomendação é incluir na refeição uma fonte de vitamina C, que pode ser uma fruta cítrica como a laranja, o limão, a acerola e o morango.”
Nutricionista Fernanda Larralde
Alternativas e novos hábitos
Para quem quer iniciar o processo de uma vida sem carne, Fernanda orienta que é aconselhável seguir um processo gradual, retirando aos poucos das refeições e sem deixar de considerar outras fontes de minerais e vitaminas.
Para a especialista, o ovo é o grande coringa na transição, além da proteína de soja, de ervilha ou a chamada “nova carne”, de origem vegetal, e também produtos que podem fornecer um aporte proteico suficiente. Segundo ela, a busca pela alimentação a base de produtos orgânicos e naturais, é ainda um fator de favorecimento da juventude do corpo e contra o desenvolvimento de patologias.
“Essa transição precisa ter o acompanhamento de um nutricionista, para uma plena adequação de calorias e fontes de macro e micronutrientes. Além de fazer exames periódicos e realizar a suplementação quando necessário. Assim, principalmente, de ferro e vitamina B12, das quais a falta pode resultar em problemas, sobretudo anemia”, reforça.