No sábado (04), a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, recebe o show da Madonna, que deve ser o maior de sua carreira. A estimativa é que 1,5 milhões de fãs se reúnam para celebrar a rainha do pop e curtir a “The Celebration Tour”, que deve contar com mais de 30 músicas em uma apresentação de cerca de duas horas de duração. E não é só isso.
O evento começa às 19h, com apresentação de DJs como Diplo, e, logo após o show da diva pop, Pedro Sampaio comanda o after ao lado da cantora Catha. Ou seja, é uma verdadeira maratona de shows, enfrentando cansaço, som alto e até alguns inconvenientes como sede e fome (principalmente se quiser um lugar perto do palco). Então, convidamos médicos para dar dicas do que fazer antes, durante e depois do evento para evitar alguns problemas comuns no corpo:
Descanse bem na véspera
Uma boa noite de sono confere muito mais disposição ao organismo, então é essencial que você descanse antes do evento. Tome cuidado com a alimentação, evitando comidas mais gordurosas, mas ao mesmo tempo evitando dietas mais restritivas. Lembre-se que o seu corpo precisa de nutrientes para enfrentar os shows.
“Antes do evento, preferencialmente não pular nenhuma das grandes refeições, pois isso faz com que a rotina se perca. Um café da manhã reforçado, com frutas, ovos ou iogurte, cereais, aveia etc., vai ajudar a aguentar o dia”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Prepare-se antes
Quem deseja pegar um lugar bom e aproveitar todas as apresentações, precisará passar longos períodos em pé. Isso sem falar na locomoção até o local e de volta para casa. “E como nem todos estão com preparo físico adequado para essa maratona, problemas como câimbras e dores musculares, principalmente nas pernas e nos pés, são comuns nesse tipo de evento. Dessa forma, é importante que você escolha sapatos adequados e confortáveis para encarar o dia de shows e não se esqueça de realizar um bom alongamento antes de sair de casa”, destaca a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e do American College of LifeStyle Medicine.
“Uma dica importante é procurar fazer alongamentos, em casa, antes de ir ao evento. Alongamentos básicos dos músculos da perna e da panturrilha já ajudam. Se possível, entre um show e outro, também repita os movimentos”, explica o ortopedista Dr. Marcos Cortelazo, especialista em joelho e traumatologia esportiva. Outra dica, na preparação antes de chegar ao evento, é com relação ao calçado.
Calçados confortáveis
“Para passar muitas horas em pé, é recomendável o uso de calçados confortáveis, mas que tenham um solado com uma espessura mais ou menos de dois centímetros. Ou seja, não utilizar rasteirinha, sapatos ou sapatilhas que não tenham solado, porque isso dá muito problema, não tanto no joelho, mas em relação ao pé (fascite plantar e dor). E também não usar saltos muito altos, pois eles sobrecarregam muito a parte anterior do joelho, o que também causa dor. Então, para mulher, o solado tipo anabela ou mesmo tênis de caminhada e corrida, que também são indicados para homens”, acrescenta o ortopedista Dr. Marcos Cortelazo.
Leve apenas o essencial
Você vai passar horas em pé, não vai? A sobrecarga na coluna e nas articulações vai piorar ainda mais a sua situação. “Use carteiras de cintura ou mochilas que distribuam o peso de forma igual pelas costas, evitando assim dores e desconfortos”, diz a Dra. Aline. Na mochila, lembre-se de levar alimentos leves: “O segredo é se programar antes e comprar snacks saudáveis, barrinhas proteicas, castanhas, frutas frescas ou secas e lanches naturais para levar durante o percurso, garantindo lanches leves e saudáveis, com o bônus de gastar menos dinheiro”, afirma a Dra. Marcella.
Hidrate-se e evite a bebedeira
Durante o show, é fundamental que você tome cuidado com a desidratação e consuma bastante água. “Isso por que o calor intenso e o consumo de bebidas alcoólicas em excesso podem aumentar a incidência de câimbras, dores musculares e a retenção de líquidos”, lembra a Dra. Aline. “Não vale a pena ficar horas sem beber água para evitar ir ao banheiro e perder lugar perto do palco. Ainda mais com o calor dos últimos dias. Já que suamos mais, o risco de desidratação é alto. Ande sempre com sua garrafinha de água, lembre-se de levar frutas como maçã, pera e melão, pois elas ajudam na hidratação do corpo. E tome muito cuidado com o consumo excessivo de álcool.
Sobrecarga do rim
Além da desidratação, outro fator importante causado pelo álcool é a sobrecarga do rim. O etanol atrapalha a função do hormônio antidiurético, que garante que o corpo não perca muita água, fazendo com que o rim deixe de concentrar a urina, perdendo mais água que o habitual”, explica a Dra. Deborah Beranger, endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).
Cuide de seus ouvidos
O barulho em um show pode chegar a 120 decibéis próximo das caixas de som, o que está acima dos níveis seguros. No geral, a Organização Mundial da Saúde recomenda evitar ruídos acima de 85 decibéis para prevenir danos à audição. “O limite de exposição considerado seguro para sons de 85 decibéis é de 8 horas diárias. Para sons de 110 decibéis, a orientação é não ultrapassar 30 minutos e, para sons de 120 decibéis, apenas 15 minutos”, explica a otoneurologista Dra. Nathália Prudencio, otorrinolaringologista especialista em tontura e zumbido. A médica explica que dentro do nosso ouvido existem células ciliadas que vibram em resposta às ondas sonoras externas e é a interpretação dessas informações que chegam até a nossa cóclea que cria a experiência auditiva.
“No entanto, sons em volume muito alto, dada a intensidade do estímulo sonoro, podem agredir essas células e provocar lesões de níveis variados. Então, em shows, é importante adotar alguns cuidados, pois a perda auditiva e sintomas relacionados podem se instalar após uma única exposição ao som alto, dependendo da susceptibilidade do paciente. É o que chamamos de trauma acústico”, diz a especialista.
Fontes sonoras de alta intensidade
Evitar manter-se próximo a fontes sonoras de alta intensidade, como caixas de som, por longos períodos e fazer pausas em ambientes silenciosos, preferencialmente a cada hora no máximo, são estratégias importantes para permitir que as estruturas do ouvido se recuperem adequadamente. “Profissionais ou aqueles que querem pegar lugar na grade devem utilizar protetores auriculares. Existem diversos produtos do tipo, inclusive plugs com filtros que preservam a qualidade do som, mesmo com a proteção”, explica a Dra. Nathália Prudencio.
E, ao notar alguma alteração auditiva incomum durante o show, como zumbido ou sensação de ouvido tapado, é extremamente recomendável se afastar do som alto e dar uma pausa para proteger a audição, pois esses sintomas indicam que o seu sistema auditivo sofreu lesões importantes que podem se agravar caso a exposição a sons de alta intensidade continue.
Tente não permanecer muito tempo parado
Algumas pessoas chegarão cedo para pegar um lugar mais perto do palco, permanecendo um período extenso em pé na mesma posição. Se esse for seu caso, tome muito cuidado, pois ficar muito tempo em pé parado pode causar desconfortos como o inchaço na região das pernas, que, em casos extremos, pode ocasionar coágulos sanguíneos, trombose ou até mesmo embolia pulmonar. “É importante então que você faça pausas para se movimentar, mexer os pés, caminhar, sentar um pouco, aliviando o peso dos membros inferiores”, recomenda a Dra. Aline.
Essa também é uma recomendação para proteger as articulações: “Se ficou muito tempo em pé, procure sentar, dobrar o joelho, mudar a posição. Porque ficar muito tempo em pé sempre vai gerar uma sobrecarga para o joelho e uma situação de desconforto. E também evite pular muito, pois isso pode gerar uma sobrecarga aguda do joelho e gerar dor”, explica o Dr. Marcos Cortelazo.
Descanse e cuide das pernas
Permita-se descansar após o show, com uma boa noite de sono para que seu corpo possa se recuperar e suas pernas tenham o descanso adequado. “Ao permanecer muitas horas em pé, existe uma tendência à retenção de líquidos e inchaço, principalmente para pessoas com problemas de circulação, obesos, gestantes e portadores de pressão alta. E é importante lembrar que, se o inchaço permanecer por um longo período, a incidência de erisipelas, flebite e até trombose aumenta”, explica a médica.
Para lidar com o inchaço, a Dra. Aline Lamaita recomenda dormir com as pernas elevadas, colocando um travesseiro sob elas, e realizar compressas frias no final do dia. “Nunca escalde os pés ou realize qualquer tipo de compressa quente, pois essas podem causar dilatação dos vasos sanguíneos e agravar o quadro. E, se você já possui predisposição para retenção hídrica, consulte um cirurgião vascular, pois existem medicações, meias e até cremes que podem deixar suas pernas bem mais leves e saudáveis para curtir o show”, finaliza.
Fontes
*Dr Marcos Cortelazo
Ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva. Graduado em medicina e pós-graduado em ortopedia e traumatologia pela Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o Dr. Marcos Cortelazo é membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Latino-americana de Artroscopia, Joelho e Esporte (SLARD) e da Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina do Esporte (ISAKOS). Sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho e da Sociedade Brasileira de Artroscopia, o especialista integra o corpo clínico dos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Oswaldo Cruz. CRM 76316 Instagram: @dr.marcos_cortelazo
*Dra Aline Lamaita
Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular
*Dra Deborah Beranger
Endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ) e pós-graduação em Terapia Intensiva na Faculdade Redentor/AMIB. Com cursos de extensão em Obesidade, Transtornos Alimentares e Transgêneros pela Harvard Medical School, a médica tem MBAs de Saúde e Qualidade de Vida, de Marketing e Branding Médico e de Mindset, todos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e curso de Obesidade e de imersão em Medicina Culinária pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Fez Fellowship pela European Association for the Study of Obesity, em Portugal; é speaker dos laboratórios Servier, Novo Nordisk, Novartis, Merck, AstraZeneca, Lilly e Boehringer. Instagram: @deborahberanger
*Dra Marcella Garcez
Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez
*Dra Nathália Prudêncio
Médica otorrinolaringologista, especialista em tontura e zumbido. Fez especialização e mestrado em otoneurologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Com foco no diagnóstico e tratamento de distúrbios do equilíbrio e transtornos auditivos causadores de zumbido, a médica possui título de especialista em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez residência Médica em Otorrinolaringologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Site: http://www.dranathaliaprudencio.com. CRM-SP 203299 | Instagram: @dranathaliaprudencio