Os instrumentos de corte e perfuração foram imprescindíveis para o advento da Humanidade. Não fosse a confecção de facas, espadas, canivetes, punhais e navalhas, entre outros objetos, nossos ancestrais dificilmente teriam sobrevivido ao ambiente hostil de um mundo povoado por feras enormes e dificuldade para obtenção de alimentos. Os primeiros registros desses artefatos datam do período Paleolítico Inferior, há cerca de 2,5 milhões de anos, na região das atuais Tanzânia e Etiópia. As facas primitivas eram feitas de lascas de pedra e usadas para fazer as pontas das lanças, cortar couro para as roupas e produzir utensílios destinados à defesa e ao abrigo. Com o tempo e o aprimoramento das técnicas de fundição e metalurgia, as ferramentas que surgiram como lascas de rochas logo se transformaram em afiados itens de metal (primeiro cobre, depois bronze, ferro e, mais tarde, aço). Além de maior precisão e resistência, os instrumentos começaram a superar seu valor utilitário e ganhar contornos artísticos, com o crescimento da preocupação estética dos itens. O nome dado a esse ofício milenar é cutelaria. “Cutelo” vem do latim “cultellu” (“faquinha”) e significa instrumento cortante semicircular de ferro; também no latim, “cutela” se refere à faca larga para cortar carne. O cuteleiro é um artesão que sabe lidar com diferentes tipos de materiais, como metal, couro, madeira e tecidos, e busca produzir peças cada vez mais aprimoradas e sofisticadas. A cutelaria artesanal, ramo que se dedica exclusivamente à produção não industrial de ferramentas cortantes e/ou pontiagudas, requer esforço e habilidade artística manual. Nesse formato, o maquinário utilizado é apenas o básico para trabalhar com os materiais, e os objetos são criados um a um, ao contrário da produção em escala. Ganhando popularidade no Brasil nos últimos anos, a cutelaria vem chamando cada vez mais atenção fora dos meios especializados, fomentando um mercado que ainda tem espaço e potencial para crescer. Ao lado da abertura de novas escolas que qualificam novos interessados no ramo, uma das iniciativas que contribuem para essa difusão é a Mostra Internacional de Cutelaria, realizada anualmente em São Paulo. Em 2018, o evento acontece em 5 e 6 de maio, no Centro de Convenções Frei Caneca, oferecendo aos amantes desse ofício, sejam eles cuteleiros ou colecionadores, um panorama da confecção de instrumentos de corte e perfuração ao redor do mundo. Chegando à sua sexta edição, a Mostra terá como destaque a participação do georgiano radicado nos EUA, Zaza Revishvili, reconhecido por suas criações sofisticadas e internacionalmente valorizadas. Além dele, estarão presentes grandes nomes da cutelaria brasileira, como Dionatam Franco, Ricardo Villar, Andre Klen, Sandro Boeck, entre muitos outros. Ainda haverá um Workshop de Kali Silat, arte marcial que tem como ênfase o uso de armas, como bastões e facas, para a defesa pessoal; demonstrações de forja; palestras sobre técnicas e materiais, e espaço para comercialização de trabalhos e troca de experiências entre artistas e visitantes, que podem apreciar as etapas do processo de produção de referências do setor. Roger Glasser está no mercado de cutelaria desde 2007, filiado a American Bladesmith Society, mestre pela Corporazione Italiana Coltellinai, diretor da Escola Brasileira de Cutelaria, consultor de cutelaria e organizador da Mostra Internacional de Cutelaria (www.mostrainternacionaldecutelaria.com). #mostrainternacionaldecutelaria#rogerglasser#milenarartedaslaminas