A estreia da série “Vinagre de Maçã”, marcada para 6 de fevereiro na Netflix, lança luz sobre um problema crescente: a disseminação de falsas curas para doenças graves, como o câncer, nas redes sociais. Inspirada na história real da influenciadora australiana Belle Gibson, a produção expõe como narrativas enganosas podem comprometer vidas.
Gibson, que se autoproclamava sobrevivente de um câncer terminal, alegou ter revertido a doença apenas com dieta e tratamentos naturais. Suas mentiras atraíram milhões de seguidores e a transformaram em um ícone da “indústria wellness”. No entanto, em 2015, a verdade veio à tona: Gibson não tinha câncer, e toda a sua história era uma fraude. A influenciadora foi multada em mais de US$ 1 milhão por enganar pacientes com câncer.
A história de Belle Gibson é um exemplo extremo, mas não isolado. A indústria do bem-estar, que movimentou ao redor do mundo impressionantes US$ 6,32 trilhões em 2023, segundo dados do Global Wellness Institute, frequentemente alimenta a proliferação de “remédios milagrosos”.
Para o oncologista Carlos Gil Ferreira, diretor médico da Oncoclínicas&Co. e presidente do Instituto Oncoclínicas, esse fenômeno é preocupante. “Narrativas de cura sem base científica geram falsas esperanças e, pior, desviam pacientes de tratamentos eficazes. É uma questão grave de saúde pública”, alerta.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) reforçam a urgência do tema: em 2025, estima-se que cerca de 704 mil novos casos de câncer sejam diagnosticados no Brasil. “As pessoas ficam extremamente vulneráveis quando enfrentam uma doença grave como o câncer. Elas buscam desesperadamente por soluções e podem se tornar alvos fáceis de pessoas mal intencionadas que têm na internet um terreno fértil para disseminar falsas receitas milagrosas”, ressalta o especialista.
E o impacto dessa desinformação vai além da saúde física. Muitos pacientes, ao perceberem o engano, sentem níveis severos de ansiedade e culpa por abandonarem tratamentos comprovados. As redes sociais são o principal canal de disseminação dessas ideias, muitas vezes promovidas por influenciadores sem qualquer formação médica, mas com alto poder de persuasão.
“Vinagre de Maçã” busca não apenas expor os perigos dessas práticas, mas também reforçar a importância da medicina baseada em evidências. Para Carlos Gil, o papel dos médicos é central na orientação de pacientes sobre fontes confiáveis de informação.
Segundo o oncologista, essas estratégias milagrosas preocupam porque alguns pacientes abandonam tratamentos comprovados e, quando tentam combiná-los, substâncias como fitoterápicos podem reduzir a eficácia dos medicamentos. Por isso, médicos costumam perguntar sobre o uso de produtos naturais.
Em um mundo onde a saúde é um negócio bilionário, confiar na ciência e buscar informações confiáveis é crucial.
“A educação por meio de fontes médicas é essencial para desarmar o poder da desinformação. Uma abordagem honesta e baseada em ciência salva vidas”
Oncologista Carlos Gil Ferreira
Fonte: assessoria de imprensa