É uma forma divertida de “batizar” um problema de saúde que pode ser sério: a ressaca natalina, que aparece após muitos brindes na confraternização com a família e amigos. Assim, indisposição, dor de cabeça, enjoo e sede são sinais de que os limites foram ultrapassados. Assim, é a resposta do fígado, que, ao metabolizar o álcool em excesso, sofre intoxicação ao intensificar sua atividade para eliminar o álcool do sangue.
“O álcool também inibe o hormônio chamado ADH, que é antidiurético, o que provoca um aumento da diurese e a perda de água pela urina, gerando uma desidratação subclínica, que favorece o desenvolvimento da ressaca”, explica o Prof. Dr. Durval Ribas Filho – Médico Nutrólogo, Fellow da The Obesity Society – TOS (USA) e Presidente da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia.
Por isso, diante de mesas fartas, com pratos ricos em gorduras, carboidratos, muito açúcar, sal e a tentação das bebidas alcoólicas, é preciso atenção. O especialista esclarece as principais dúvidas sobre a ressaca e como fugir dela.
O que é a Ressaca? São efeitos fisiológicos e psicológicos que surgem quando se ingere grandes quantidades de álcool. Eles começam a aparecer, aproximadamente, 10h horas após o consumo, quando se atinge um teor máximo de álcool no sangue. Esse tempo pode variar de acordo com o sexo, peso e fatores genéticos.
Quanto pode durar? Um período ou até mais de 24 horas. Sua gravidade está relacionada à quantidade de álcool consumida, à qualidade do sono, à ingestão alimentar, à genética, à glicemia e desidratação.
Como o organismo metaboliza o álcool? O álcool é distribuído por todos os tecidos e líquidos corporais, incluindo o cérebro. A absorção do etanol ocorre através do estômago (cerca de 20%) e do intestino delgado (80%). A concentração máxima no sangue é atingida, entre 30 e 90 minutos, após o consumo. Porém, em média, exames de sangue podem detectar o álcool na corrente sanguínea por até 6 horas. Em bafômetros e testes de saliva, a detecção pode durar entre 12 e 24 horas.
Quais os principais sintomas? Já foram identificados cerca de 40 sintomas da ressaca. Os mais comuns são aquela famosa dor de cabeça, náuseas e cansaço. Também pode causar prejuízos neurocognitivos, como distúrbios de atenção, memória e habilidades psicomotoras, inclusive para dirigir veículos.
O que é o “blackout alcoólico”? É uma espécie de amnésia alcoólica, com uma perda temporária de memória, que ocorre porque o cérebro não consegue funcionar, adequadamente, quando há um consumo de álcool em excesso. As atividades menos importantes, como a criação e solidificação de memórias, vão sendo desligadas. Porém, a pessoa se mantém consciente e continua interagindo e realizando as atividades, mas não é capaz de criar as memórias deste período. Daí ser comum não lembrar até mesmo da forma como se chegou em casa.
Ressaca tem níveis de gravidade? A ressaca é desencadeada por fatores como desidratação, alterações hormonais (aldosterona e cortisol), hipoglicemia e desequilíbrio dos eletrólitos sanguíneos. Assim, os congêneres, substâncias formadas durante a fermentação e destilação, também agravam os sintomas.
Nesse sentido, bebidas escuras, como vinho tinto e brandy, têm maior concentração dessas substâncias, enquanto bebidas claras, como vodka, possuem menos. Quanto maior o teor de congêneres, mais severa será a ressaca, embora isso não esteja necessariamente relacionado à gravidade das alterações cognitivas causadas pelo excesso de álcool.
Tem como curar a Ressaca? Não há um tratamento eficaz ou método preventivo e que cure. É possível amenizar os sintomas com medicamentos, como os analgésicos, e tentar acelerar a recuperação. Mas valem algumas dicas.
1.Antes de sair de casa: se não quiser ir de “estômago vazio”, para não passar mal, logo na chegada à festa, faça uma refeição leve, para estar mais protegido já no primeiro drink.
2.Durante a ceia: ao consumir álcool, intercale com água. Vale natural ou de coco e evite mistura de bebidas. A hidratação ajuda a eliminar possíveis inchaços, causados pela retenção de líquido devido ao excesso de álcool, combinado ao maior consumo de alimentos ricos em sal e processados.
3.Depois da festa: é o momento de desintoxicar e se recuperar. Não exagere nos medicamentos, sem orientação médica. Consuma bastante água, frutas naturais, sucos, vitaminas, alimentos integrais e leves e descanse.
Fonte: assessoria de imprensa